No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. A última semana trouxe um clima mais positivo para os mercados globais, com dados favoráveis vindos de economias chave como Estados Unidos e China. Essas novidades aliviaram algumas incertezas que pairavam sobre a recuperação econômica global e ajudaram a impulsionar mercados emergentes, como o Brasil. Mercados em Foco edição 30/09/2024.
Inflação nos EUA: Dados de Agosto Tranquilizam o FED
Nos Estados Unidos, os dados de inflação de agosto, medidos pelo deflator do PCE (Índice de Preços de Gastos com Consumo Pessoal), trouxeram boas notícias. O deflator do PCE é o principal indicador de inflação utilizado pelo Federal Reserve (FED) para orientar suas decisões de política monetária. Os resultados mostraram que a inflação está se aproximando da meta de 2% do FED. Além disso, os indicadores de atividade econômica dos EUA continuaram robustos, dissipando o temor de uma recessão iminente.
Com esse cenário, os títulos do Tesouro americano (treasuries) de curto prazo recuaram, enquanto o dólar perdeu força. Os mercados agora estão precificando dois cortes de 0,50% nas taxas de juros nas próximas reuniões do FED ainda este ano, além de mais quatro cortes de 0,25% no primeiro semestre de 2025. Isso representa um alívio para investidores, que esperavam uma postura mais agressiva por parte do banco central americano.
China: Medidas de Estímulo à Economia
Na China, as autoridades tomaram medidas concretas para combater o enfraquecimento da economia e a persistente crise no setor imobiliário. O governo chinês adotou uma série de medidas para impulsionar a atividade econômica. Dentre as principais ações, destacam-se a redução das taxas de juros, a diminuição dos compulsórios bancários e a flexibilização do financiamento habitacional.
Essas ações são vistas como positivas para os mercados emergentes, já que a China é uma grande consumidora de commodities e uma força motriz do crescimento global. As bolsas de valores globais reagiram com otimismo às notícias, e os preços de commodities metálicas, como o cobre e o alumínio, subiram consideravelmente.
Petróleo em Queda: Arábia Saudita Reduz Preços
Em contrapartida, o mercado de petróleo teve uma semana de baixa. A Arábia Saudita, maior exportadora mundial de petróleo, decidiu reduzir os preços da commodity para retomar sua produção. A queda nos preços do petróleo pressionou os mercados globais, já que o petróleo é uma commodity altamente influente em diversos setores econômicos. No entanto, essa redução nos preços pode beneficiar países importadores, como o Brasil, que se vê menos pressionado por custos elevados de energia.
Brasil: Mercado de Trabalho em Alta e Inflação Surpreendentemente Baixa
No Brasil, os dados econômicos também trouxeram surpresas positivas. O mercado de trabalho continua a dar sinais de recuperação, com a taxa de desemprego atingindo a mínima histórica. Além disso, o IPCA-15 de setembro, uma prévia da inflação oficial, registrou uma alta de apenas 0,13%, muito abaixo das expectativas. O número surpreendeu positivamente não apenas pelo valor, mas também pela qualidade dos componentes que compõem o índice.
Por outro lado, o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) mostrou que a inflação está longe de convergir para a meta, sendo projetada para atingir o nível desejado apenas em 2027. A pressão inflacionária, somada às incertezas fiscais e ao aumento da bandeira tarifária vermelha nas contas de energia elétrica para outubro, traz um cenário desafiador para o Banco Central. As expectativas são de que a taxa Selic permaneça em um nível elevado, com a taxa terminal prevista em torno de 12%.
Desempenho dos Mercados: Real Valoriza e Títulos de Curto Prazo Sobem
O real continuou sua trajetória de valorização, fechando a semana em R$ 5,43 contra o dólar. Em setembro, a moeda brasileira foi uma das que mais se valorizou no cenário global. Ao mesmo tempo, os Depósitos Interfinanceiros (DIs) de curto prazo avançaram, refletindo as expectativas de manutenção da Selic em patamares altos. Já os títulos de longo prazo mostraram uma leve queda nos rendimentos.
Perspectivas para a Próxima Semana no Brasil
A agenda econômica desta semana começa com a divulgação dos dados fiscais de agosto pelo Banco Central. A expectativa é de um déficit significativo, em torno de R$ 25 bilhões, resultado da pressão sobre as contas públicas. Na quinta-feira, o Tesouro Nacional publicará o resultado primário do governo central para agosto. Com os gastos extraordinários do Rio Grande do Sul, o déficit deve ficar em torno de R$ 21 bilhões. Por outro lado, a receita líquida deve continuar apresentando crescimento real, impulsionada pela arrecadação de impostos.
No âmbito da atividade econômica, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará, na quarta-feira, os números da produção industrial de agosto. A projeção é de uma leve queda de 0,1% em relação ao mês anterior. Mesmo com esse resultado negativo, a produção industrial segue em níveis elevados comparados aos últimos anos.
Na sexta-feira, o governo divulgará o saldo comercial de setembro, com expectativas de um superávit superior a US$ 4 bilhões, apesar da redução nas exportações e aumento nas importações. O setor externo continua a ser um ponto de equilíbrio para a economia brasileira, fornecendo suporte em tempos de incerteza.
Perspectivas para a Próxima Semana no Exterior
Nos Estados Unidos, o destaque será o discurso do presidente do FED, Jerome Powell, que pode fornecer novas pistas sobre o rumo da política monetária. Embora Powell tenha evitado discutir o tema na semana passada, o mercado espera que ele aborde questões como o mercado de trabalho e a inflação.
O grande foco da semana, no entanto, será o relatório de empregos (payroll) de setembro, que será divulgado na sexta-feira. A expectativa é de criação de 130 mil novos postos de trabalho, levemente abaixo dos 142 mil observados em agosto. A taxa de desemprego deve subir de 4,2% para 4,3%, enquanto o crescimento dos salários pode desacelerar, sinalizando uma possível moderação no mercado de trabalho.
Além disso, os investidores estarão atentos aos dados do JOLTS (Job Openings and Labor Turnover Survey) e ao relatório ADP de emprego no setor privado. Esses indicadores são importantes para calibrar as expectativas sobre o ritmo de desaceleração da economia americana.
Na Europa, o destaque será a divulgação da inflação de setembro na zona do euro. A expectativa é de uma queda para 1,9%, abaixo da meta de 2% pela primeira vez desde 2021. No entanto, a inflação subjacente, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, deve permanecer estável em 2,8%, refletindo a pressão persistente nos preços de serviços. Isso pode dificultar um alívio mais significativo por parte do Banco Central Europeu.
Considerações
A semana passada foi marcada por um conjunto de boas notícias para a economia global, com dados positivos vindos dos Estados Unidos e da China. Essas novidades trouxeram alívio para os mercados emergentes, como o Brasil, que viu uma valorização de sua moeda e sinais de recuperação econômica. No entanto, desafios persistem, especialmente no que diz respeito à inflação e às contas públicas. O foco dos investidores agora se volta para os dados de emprego nos EUA e as decisões de política monetária que devem seguir.
Encerramos o Mercados em Foco edição 30/09/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.