Mercados em Foco edição 30/08/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. A economia global continua a surpreender, com dados que desafiam as expectativas e influenciam os mercados financeiros em todo o mundo. Nos Estados Unidos, a segunda leitura do PIB do segundo trimestre de 2024 revelou um crescimento anualizado de 3%. Esse resultado veio acima tanto da leitura preliminar quanto das expectativas do mercado, que estavam em 2,8%. O crescimento mais forte se deve principalmente ao aumento do consumo pessoal, que é um dos principais motores da economia americana. Mercados em Foco edição 30/08/2024.

PIB dos EUA e Consumo Pessoal: Indicadores Positivos

A robustez do consumo pessoal no segundo trimestre foi um dos fatores determinantes para o crescimento do PIB. Esse aumento não só afastou os temores de recessão, como também estabilizou os pedidos de seguro-desemprego nas últimas semanas. A estabilidade no mercado de trabalho e a confiança dos consumidores reforçam a resiliência da economia americana.

Além disso, mesmo com a economia mais forte, a inflação se manteve sob controle. O índice de preços ao consumidor (PCI) caiu de 3,1% para 2,5% na passagem do primeiro para o segundo trimestre. Ainda mais significativo foi a revisão para baixo do núcleo da inflação, que exclui itens voláteis como alimentos e energia. Isso sugere que as pressões inflacionárias estão diminuindo, o que é um bom sinal para o futuro.

Política Monetária nos EUA: O Que Esperar do Fed

A política monetária continua sendo um dos principais focos de atenção para os investidores. A decisão do Federal Reserve (Fed) em setembro ainda é incerta, com o mercado dividido entre um corte de 25 ou 50 pontos-base. Essa decisão dependerá muito dos próximos dados de emprego (payroll) e da inflação (CPI).

No entanto, a atividade econômica resiliente, combinada com uma inflação subjacente ainda alta, sugere que o Fed pode adotar uma abordagem mais cautelosa. Vários diretores do Fed têm sinalizado que o ciclo de alta dos juros pode ser mais longo, com cortes menores e mais espaçados. Essa postura mais conservadora elevou os rendimentos dos títulos do Tesouro (trejuros) e valorizou o dólar.

Mercados Financeiros: Impactos do Crescimento e da Inflação

Os mercados reagiram de maneira diversa aos dados econômicos e às expectativas de política monetária. Nos Estados Unidos, o tombo das ações da Nvidia, gigante de tecnologia, contaminou o S&P 500 e a Nasdaq, que fecharam em queda. Por outro lado, o Dow Jones subiu 0,6%, permanecendo próximo de seus recordes históricos.

Essa divergência reflete a complexidade do cenário atual, onde setores diferentes respondem de maneiras distintas às mudanças econômicas. Enquanto empresas de tecnologia enfrentam desafios específicos, setores mais tradicionais, como o industrial, se beneficiam do crescimento econômico mais forte.

Eleições nos EUA: Pesquisa e Volatilidade Política

As eleições nos Estados Unidos também têm gerado grande atenção. A pesquisa mais recente da Reuters mostrou que Kamala Harris ampliou sua vantagem sobre Donald Trump, passando de um ponto para quatro pontos entre julho e agosto. Esse aumento de apoio à candidata democrata vem principalmente das mulheres e dos hispânicos, grupos demográficos essenciais para a vitória em estados-chave.

Além disso, uma pesquisa da Fox News focada nos swing states, estados que tradicionalmente decidem as eleições, apontou para uma mudança no cenário eleitoral. Antes da desistência de Joe Biden, Trump liderava em estados como Arizona, Nevada e Georgia. No entanto, com Kamala Harris como candidata, a maré virou, aumentando a incerteza sobre o resultado final.

Apesar da “onda azul” nas pesquisas, Nate Silver, analista político renomado nos Estados Unidos, reverteu sua projeção em favor de Trump. Isso indica que, apesar das pesquisas atuais, o resultado da eleição permanece imprevisível e promete muita volatilidade nos mercados.

Cenário Econômico no Brasil: Incertezas e Resiliência

Enquanto isso, no Brasil, a agenda econômica foi relativamente tranquila, mas marcada por incertezas fiscais e monetárias. Os investidores permanecem cautelosos em relação ao envio do orçamento de 2025, que ocorre hoje. Além disso, a indicação de Gabriel Galípolo para comandar o Banco Central trouxe novas dúvidas sobre a direção da política monetária.

Com a perspectiva de juros mais altos no exterior e um dólar fortalecido, os mercados brasileiros também sentiram o impacto. Os juros futuros subiram, e o real se valorizou mais de 1% em relação ao dólar, fechando a R$ 5,62. Essa valorização reflete tanto a cautela dos investidores quanto a força relativa da economia brasileira frente às incertezas globais.

No mercado de ações, o Ibovespa não escapou da pressão externa. O índice caiu quase 1%, com destaque negativo para os setores imobiliário e de consumo, que registraram as maiores perdas. No entanto, nem todas as notícias foram ruins. Os dados de crédito no Brasil vieram positivos, indicando um cenário de crédito mais saudável, o que pode sustentar o crescimento econômico no curto prazo.

Agenda Econômica: Expectativas para os Próximos Dias

Para hoje, o mercado está de olho em vários indicadores importantes. Nos Estados Unidos, o destaque será a inflação do PCI e os gastos das famílias em julho. Embora o processo desinflacionário continue, espera-se uma leve piora de 0,1% tanto no mês quanto no ano. Em termos nominais, essas altas devem ser de 0,2% e 2,6%, respectivamente.

Na atividade econômica, o consumo deve continuar a ser o principal motor de crescimento. A expectativa é de um avanço de 0,5% nos gastos das famílias. Se essa tendência se mantiver, a economia americana pode continuar surpreendendo positivamente, afastando ainda mais os temores de uma recessão.

No Brasil, além do orçamento de 2025, também será divulgada a PNAD de julho. A expectativa é que a taxa de desemprego se mantenha inalterada, em 6,9% no dado principal e 6,8% ajustada sazonalmente. Além disso, espera-se um novo recorde na massa de rendimentos, refletindo a continuidade do cenário de emprego baixo e aumento da renda.

Esse cenário de mercado de trabalho aquecido contribui para a atividade econômica, especialmente no que se refere à demanda interna. No entanto, os riscos inflacionários continuam a ser uma preocupação, principalmente em um contexto de crescimento econômico forte e juros mais altos no exterior.

Considerações

O cenário econômico atual é marcado por incertezas, mas também por oportunidades. Nos Estados Unidos, o crescimento econômico mais forte e a inflação sob controle sugerem um futuro positivo, embora a política monetária do Fed continue a ser um fator de risco. As eleições presidenciais adicionam uma camada extra de volatilidade, com impactos potenciais nos mercados globais.

No Brasil, o cenário é misto. Embora os dados de crédito e o mercado de trabalho sejam positivos, as incertezas fiscais e monetárias pesam sobre o sentimento dos investidores. A valorização do real e a alta dos juros futuros refletem essa cautela, enquanto o Ibovespa sofre com a pressão externa.

Os próximos dias serão cruciais para definir o rumo da economia global e seus impactos no Brasil. Com tantos fatores em jogo, a volatilidade parece ser a única certeza, mas também abre espaço para oportunidades em meio às incertezas.

Encerramos o Mercados em Foco edição 30/08/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima