No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Em junho, o setor público brasileiro apresentou um déficit primário acima do esperado, de quase 41 bilhões de reais. Enquanto isso, os governos regionais tiveram um desempenho positivo no início do ano, com um superávit de mais de 25,5 bilhões de reais, impulsionado principalmente pela arrecadação da atividade econômica. Este cenário destaca a importância de um controle rigoroso dos gastos para manter a saúde fiscal do país. Mercados em Foco edição 30/07/2024.
Déficit Primário e Superávit Regional
A principal atualização econômica de junho revela um déficit primário significativo, que superou as expectativas, atingindo quase 41 bilhões de reais. Esse resultado reflete a necessidade urgente de controle dos gastos públicos para evitar um desequilíbrio fiscal ainda maior.
Por outro lado, os governos regionais mostraram um desempenho positivo no primeiro semestre do ano. Até junho, o superávit regional foi de mais de 25,5 bilhões de reais, resultado principalmente da forte arrecadação de impostos e contribuições. Esse superávit é um alívio para as finanças públicas, mas não é suficiente para compensar o déficit crescente do governo federal.
Controle dos Gastos Públicos
A atualização econômica de junho reforça a importância do controle dos gastos públicos para a estabilidade fiscal. O governo tem enfrentado dificuldades para equilibrar suas contas, e o aumento do déficit primário é um sinal claro dessa luta. Para conter os gastos, o governo anunciou um congelamento de 15 bilhões de reais no orçamento, o que deverá afetar todos os órgãos públicos.
O Decreto de Programação Orçamentária e Financeira, que detalhará as áreas onde o congelamento será aplicado, está prestes a ser divulgado. Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Cerón, o detalhamento já está fechado e deverá ser divulgado hoje. No entanto, nos bastidores, observa-se que os ministros têm atuado para garantir o menor corte possível para suas áreas.
Estratégias de Gasto e Impacto no Mercado
Desde a semana passada, os ministérios empenharam quase 9 bilhões de reais em despesas não obrigatórias antes do congelamento das contas públicas deste ano. Esta estratégia visa comprometer os recursos antes que o congelamento entre em vigor, liberando assim o dinheiro para uso imediato.
Nos mercados financeiros, essa incerteza fiscal teve diversos impactos. Os juros futuros caíram na parte curta da curva, mas aumentaram para prazos mais longos. A precificação de uma alta de um ponto percentual da Selic até o fim do ano, mesmo com um resultado fiscal pior e uma maior desancoragem das expectativas, fez com que o real tivesse um melhor desempenho contra o dólar, valorizando quase 0,6%.
Desempenho do Ibovespa e Petrobras
Nas bolsas, o Ibovespa recuou, puxado pela Petrobras. A empresa sofreu um impacto negativo após a notícia de que fez uma oferta não vinculante por uma participação em um campo na Namíbia. A diversificação de ativos para fora do Brasil não foi bem recebida pelos investidores, gerando um movimento de venda nas ações da Petrobras.
Petróleo e Demanda Global
As preocupações sobre a demanda global mais fraca, especialmente vindas da China, também contribuíram para a queda do petróleo, que atingiu o menor nível em sete semanas. A fraqueza na demanda chinesa, um dos maiores consumidores de petróleo do mundo, gera incertezas sobre o futuro dos preços da commodity.
Nos Estados Unidos, o governo Biden anunciou a compra de quase 5 milhões de barris de petróleo para reabastecer suas reservas estratégicas, que atingiram o nível mais baixo dos últimos 40 anos após a guerra na Ucrânia. Essa medida visa estabilizar o mercado de petróleo e garantir um fornecimento estável em meio às tensões geopolíticas.
Cenário Internacional
Nos Estados Unidos, os mercados financeiros ficaram sem direção única, aguardando a divulgação de dados econômicos e balanços corporativos relevantes. O índice do dólar (DXY) valorizou, os juros futuros subiram na parte curta da curva, mas perderam inclinação para prazos mais longos, e as bolsas fecharam perto da estabilidade.
Para hoje, está prevista a divulgação da prévia do PIB do segundo trimestre na zona do euro. O consenso aponta para um avanço de 0,2% em relação ao trimestre anterior, indicando uma recuperação após um ano de estagnação. No entanto, Alemanha e França estão mostrando sinais de fraqueza, o que pode afetar a recuperação econômica da região.
Dados do CAGED e Perspectivas
No Brasil, foi divulgado o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) de junho. A expectativa é de um saldo de 170 mil empregos formais, indicando uma desaceleração, mas ainda em níveis consistentes. Este dado é crucial para avaliar a saúde do mercado de trabalho e a recuperação econômica do país.
Considerações
A atualização econômica de junho traz uma série de desafios e oportunidades para o Brasil. O déficit primário crescente e a necessidade de controle dos gastos públicos são questões críticas que o governo precisa enfrentar. Ao mesmo tempo, o superávit regional e a recuperação da arrecadação oferecem uma base para a estabilidade fiscal.
Nos mercados financeiros, a incerteza fiscal e as estratégias de gasto do governo impactam diretamente os juros, a taxa de câmbio e o desempenho das ações. A resposta dos investidores a esses desenvolvimentos será crucial para determinar o futuro econômico do país.
Além disso, o cenário internacional, com a recuperação econômica da zona do euro e as políticas de reabastecimento de petróleo dos Estados Unidos, também influencia o mercado brasileiro. Monitorar esses desenvolvimentos e ajustar as políticas econômicas de acordo com as mudanças globais será essencial para garantir uma recuperação sustentável.
Neste contexto, a divulgação do Decreto de Programação Orçamentária e Financeira e os resultados do CAGED serão eventos-chave para acompanhar nas próximas semanas. Eles fornecerão uma visão mais clara das políticas governamentais e da direção da economia brasileira no curto e médio prazo.
Encerramos o Mercados em Foco edição 30/07/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.