Mercados em Foco edição 29/07/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. A primeira leitura do PIB do segundo trimestre surpreendeu positivamente, impulsionada pelo consumo das famílias e pelos investimentos. Além disso, a inflação medida pelo PCI voltou a recuar em junho, como esperado após os resultados benignos do CPI e PPI. Esse cenário de crescimento econômico robusto, enquanto a inflação melhora, é conhecido como “caixinhos dourados” ou “Goldilocks”. Mercados em Foco edição 29/07/2024.

Essa é uma notícia excelente para um país que, por padrão, está com juros muito elevados e discutiu a possibilidade de recessão por um bom tempo. O contexto atual certamente passa uma segurança extra. As taxas de juros dos Treasuries caíram com mais força nos prazos mais curtos, e o dólar deu uma leve corrigida contra as principais moedas.

Impacto nos Mercados

Apesar do clima favorável, chama atenção como os mercados têm punido decepções de resultados, principalmente no setor de tecnologia, com preocupações sobre a inteligência artificial. Embora o percentual de surpresas positivas não seja os mesmos 90% do primeiro trimestre, 76% ainda é um número considerável.

Cenário no Brasil

No Brasil, a narrativa não é tão colorida. As preocupações fiscais seguem assombrando, e a prévia da inflação de julho (IPCA-15) veio bem acima das expectativas do mercado, com uma composição qualitativamente ruim. Esse era o último dado importante antes da próxima reunião do Copom, que acontece essa semana.

As preocupações fiscais, somadas a uma desinflação pior no curto prazo, resultaram em uma nova rodada de depreciação do câmbio, com o real desvalorizando e os juros futuros subindo. Além disso, o boletim Focus de hoje pode mostrar expectativas ainda mais desencorajadas.

Desempenho do Ibovespa

Nas bolsas, o Ibovespa enfrentou complicações relacionadas aos juros, ao câmbio, à IA e às commodities, que continuam em baixa devido às preocupações com o crescimento da economia chinesa. Mesmo assim, o índice conseguiu fechar a semana praticamente estável, com uma leve queda.

Destaques Positivos

Em meio a esses desafios, destacam-se o desempenho das contas externas, a arrecadação e o crédito em junho. O quadro da balança de pagamentos segue robusto, e a arrecadação, impulsionada pela taxação de fundos exclusivos, foi a maior da série histórica para meses até junho. O crédito livre atingiu pela primeira vez os R$ 6 trilhões e igualou a máxima histórica de 53,9% do PIB.

Expectativas para a Próxima Semana

Para esta semana, os grandes destaques serão as definições de juros e os dados de desemprego. Nos Estados Unidos, espera-se que o FED mantenha os juros inalterados em 5,5%, com possibilidade de um corte de 25 pontos-base na reunião de setembro. A inflação subjacente, serviços e núcleos ainda está consideravelmente alta para justificar um corte agora, além de precisar combinar com o mercado de trabalho.

Em julho, é esperado que o payroll desacelere para cerca de 180 mil, com manutenção dos ganhos médios por hora e da taxa de desemprego em 0,3% e 4,1%, respectivamente.

Decisões de Juros na América Latina

Na América Latina, Brasil, Chile e Colômbia também decidem sobre juros. No Brasil, é provável que o Banco Central mantenha a taxa inalterada em 10,5%, enquanto os outros países devem continuar seus ciclos de corte gradual. Será interessante observar as sinalizações e o tom adotado pelo BC, dada a complexidade do cenário atual.

Expectativas para o Desemprego

Espera-se uma nova rodada de dados positivos sobre o desemprego em junho. A PNAD deve cair para 6,9%, e, ajustados sazonalmente, os números devem recuar de 6,9% para 6,8%. Para o CAGED, a expectativa é de um saldo de 170 mil empregos formais.

Indústria e Enchentes no Rio Grande do Sul

Os dados da indústria de junho devem começar a mostrar recuperação após as tragédias causadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. A projeção é de um crescimento por volta de 2%.

Decisões de Juros na Inglaterra e Japão

Outras duas economias importantes decidem juros: Inglaterra e Japão. Na Inglaterra, a discussão gira em torno de saber se a inflação dos serviços, ainda elevada, ou seja, já permite um corte ou se é melhor esperar um pouco mais. No Japão, a discussão é se mantém ou sobe os juros para 0,25%. O principal objetivo do banco japonês tem sido valorizar a moeda, o iene. Caso esse aumento realmente aconteça, podemos ver mais uma onda de desmonte de carry trade e o real desvalorizando.

Prévia do PIB e Inflação na Zona do Euro

Na zona do euro, saem as prévias do PIB do segundo trimestre e da inflação de julho. O consenso aponta para um avanço de 0,2% em relação ao trimestre anterior, indicando uma recuperação após um ano de estagnação. Alemanha e França estão mostrando os principais sinais de fraqueza. No fronte inflacionário, a expectativa é que o índice e o núcleo sigam inalterados em 2,5% e 2,9%, com viés de alta principalmente no headline.

Considerações

Em resumo, o cenário econômico global está repleto de desafios e oportunidades. A surpresa positiva no PIB do segundo trimestre e a melhora na inflação oferecem um alívio bem-vindo, mas as preocupações fiscais e os desafios setoriais, especialmente no Brasil, mantêm o ambiente incerto. As próximas decisões de juros e os dados de desemprego serão cruciais para delinear os rumos da economia nos próximos meses.

Encerramos o Mercados em Foco edição 29/07/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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