Mercados em Foco edição 28/08/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. O IPCA-15 de agosto surpreendeu positivamente ao subir apenas 0,19%, abaixo das expectativas do mercado. A composição qualitativa também mostrou resultados melhores do que o esperado. No entanto, ao analisarmos a média anualizada dos últimos três meses, observamos uma deterioração disseminada, especialmente nos indicadores subjacentes. Mercados em Foco edição 28/08/2024.

Esses indicadores subjacentes são essenciais porque excluem itens sazonais e voláteis, oferecendo uma medida mais estável da inflação. Nossa projeção para o IPCA deste ano se mantém em 4,3%, mas o viés é de alta. O principal risco atualmente vem da seca, que tem assolado diversas regiões do país.

O Impacto da Seca no Agronegócio e na Energia

O Brasil enfrenta uma seca severa, que tem causado um aumento significativo nas queimadas. Esse cenário preocupa não apenas do ponto de vista climático, mas também afeta diretamente o agronegócio. Grandes áreas de plantação e pastagem estão sendo devastadas pelo fogo, impactando a produção de insumos como o açúcar.

Para o consumidor, os desafios não param por aí. A seca também ameaça o fornecimento de energia elétrica, pois pode ser necessário acionar as usinas térmicas para atender à demanda nos momentos de pico. Com a redução dos níveis dos reservatórios, a bandeira tarifária da energia elétrica provavelmente voltará a ser amarela. Há até mesmo o risco de que ela mude para vermelha, o que implicaria um aumento mínimo de 10 pontos base no IPCA.

Recentemente, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, afirmou que ainda não há uma definição sobre a mudança na bandeira tarifária. No entanto, o cenário permanece incerto e requer monitoramento constante.

Desafios Macroeconômicos e o Risco de Nova Carta do Banco Central

Além da seca e seus efeitos, outros fatores agravam o quadro inflacionário. A desancoragem das expectativas, o hiato do produto apertado, a desvalorização do real e a incerteza fiscal são questões que, juntas, mantêm a inflação próxima do teto da meta.

Diante desse cenário, não é descabido pensar em um novo estouro da meta de inflação. Se isso acontecer, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, terá que enviar uma terceira carta aberta ao Conselho Monetário Nacional, explicando os motivos do descumprimento da meta e as medidas que serão tomadas para reverter o quadro. Mesmo com esses desafios, nossa previsão base ainda projeta uma Selic estável nos atuais 10,5% até o fim do ano.

Entretanto, muitos indicadores e eventos podem influenciar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) até a próxima reunião, em setembro. Se o cenário se deteriorar, um aumento da taxa de juros será necessário. Ontem, o mercado de DI já sinalizou essa possibilidade, com alta disseminada nos contratos futuros.

Desempenho do Mercado e Perspectivas para o Brasil e o Exterior

O real e a bolsa de valores seguiram a tendência de aversão ao risco, mas com desvalorizações moderadas. O Ibovespa continua em alta, próximo dos 137 mil pontos, enquanto o real voltou ao patamar de 5,50 contra o dólar.

No cenário internacional, a agenda econômica desta semana está relativamente tranquila. Nos Estados Unidos, a principal novidade é a atividade econômica, com destaque para a sexta-feira. Os indicadores apontam para um desempenho robusto da economia americana.

O índice de confiança do consumidor subiu de 101,9 para 103,3 pontos em agosto, superando as expectativas. Além disso, a vice-presidente Kamala Harris tem ganhado terreno nas pesquisas eleitorais, o que trouxe volatilidade ao mercado. Até pouco tempo atrás, Donald Trump era o favorito absoluto, mas o cenário político parece estar mudando.

A volatilidade deve continuar no curto prazo, com ajustes nas expectativas dos investidores. Ontem, a balança pendeu para os democratas, o que fez os retornos dos Treasuries caírem nos prazos mais curtos e subirem nos prazos mais longos. Como resultado, o dólar perdeu valor em relação às principais moedas. Já podemos falar de “Kamala Trade”? De qualquer forma, as bolsas americanas fecharam em alta modesta, mas suficiente para o Dow Jones renovar mais um recorde de fechamento.

Expectativas para o Mercado de Trabalho Brasileiro

No Brasil, a agenda econômica de hoje também é relativamente leve, com destaque para o mercado de trabalho. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) deve revelar a criação líquida de 170 mil vagas de emprego em julho, reforçando a tendência de pleno emprego no país.

Considerações

O cenário econômico brasileiro continua desafiador, com uma combinação de fatores internos e externos pressionando a inflação e a política monetária. A seca, em particular, representa um risco significativo para a estabilidade dos preços, especialmente no setor de energia e agronegócio. Enquanto isso, o cenário político e econômico internacional traz volatilidade adicional, que pode impactar o mercado brasileiro.

A próxima reunião do Copom será crucial para determinar se a Selic permanecerá estável ou se um novo ciclo de alta de juros será necessário. Até lá, o mercado continuará atento aos indicadores econômicos e aos desdobramentos da política monetária tanto no Brasil quanto no exterior.

Encerramos o Mercados em Foco edição 28/08/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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