No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. No primeiro trimestre de 2024, a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos revelou um crescimento trimestral anualizado que, embora revisado para cima, aponta para uma desaceleração da atividade econômica. Vários indicadores contribuíram para essa interpretação. Foram destaques a queda na compra de imóveis, a fraqueza no mercado de trabalho e a revisão para baixo no gasto pessoal, principal motor da economia americana. Mercados em Foco edição 28/06/2024.
Setor Imobiliário em Dificuldades
No mercado imobiliário, as altas taxas hipotecárias têm tido um impacto significativo. O aumento das taxas de juros elevou o custo dos empréstimos para a compra de imóveis, resultando em um aumento do inventário e uma menor demanda. Em maio, o índice de vendas de casas pendentes caiu inesperadamente para o seu menor nível desde 2001. Essa queda reflete a dificuldade dos consumidores em financiar novas compras, uma tendência que sugere uma desaceleração mais ampla no setor imobiliário, crucial para a saúde econômica dos Estados Unidos.
Mercado de Trabalho e Gasto Pessoal
Além do setor imobiliário, o mercado de trabalho também mostrou sinais de enfraquecimento. As empresas estão reduzindo a quantidade de equipamentos que pedem e a demanda por trabalho está moderando. Os pedidos de seguro-desemprego subiram para o nível mais alto desde 2021, uma indicação clara de que o mercado de trabalho está perdendo força. Essa fraqueza no emprego contribui para a perspectiva de um gasto pessoal mais contido, um fator crítico, já que o consumo das famílias é o principal componente do PIB dos Estados Unidos.
Comparação com o Brasil
Aproveitando a comparação com o Brasil, ontem foram divulgados os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A criação líquida de postos de trabalho no Brasil veio muito abaixo do esperado, a primeira surpresa baixista depois de várias surpresas positivas. No entanto, é importante notar que, apesar da decepção, as economias têm se mostrado resilientes e uma desaceleração controlada do emprego é fundamental para a desinflação dos serviços.
Política Monetária e Impactos nos Mercados
Nos Estados Unidos, as altas taxas de juros têm desempenhado um papel crucial em moderar a demanda ao longo do ano. Ainda vemos uma continuidade desse movimento no segundo trimestre, o que será essencial observar para avaliar o impacto na inflação e, consequentemente, nas decisões futuras sobre as taxas de juros. As Treasuries, títulos do Tesouro americano, reagiram a esses desenvolvimentos com uma queda firme, refletindo as expectativas do mercado em relação à política monetária futura.
Perspectiva Brasileira
Voltando ao cenário brasileiro, o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) confirmou a mensagem dura da ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Em entrevista coletiva, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, esclareceu que não teve a intenção de sinalizar uma possível alta dos juros. Apesar disso, os contratos de juros futuros (DIs) mantiveram uma tendência de alta. A divulgação de um Caged fraco chegou a aliviar momentaneamente a pressão, mas as curvas de juros seguiram pressionadas.
Impacto no Mercado de Câmbio e Ações
No mercado de câmbio, o dólar acabou se firmando em queda após declarações do presidente Lula sobre a possibilidade de cortes de gastos nos subsídios e isenções tributárias. O mercado permanece muito sensível às sinalizações fiscais do governo, e essas falas específicas ajudaram a acalmar os ânimos. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, aproveitou a onda positiva vinda do exterior e a marola local, encerrando o dia com uma alta de mais de 1%. Além disso, o cenário corporativo brasileiro também colaborou para essa valorização.
Expectativas para o Futuro
Para hoje, o foco dos investidores se voltará para a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de maio e, principalmente, para o deflator do Índice de Preços ao Consumidor Pessoal (PCI). Espera-se que a taxa de desemprego no Brasil caia para 7,3% na série original, mantendo-se nos atuais 7,1% ajustados sazonalmente. Para o PCI, a expectativa é de uma moderação para 0,1%, com o núcleo permanecendo em 0,2%. Lembrando que o núcleo do PCI é a medida-alvo do Federal Reserve e pode impactar significativamente o mercado.
Considerações
A leitura final do PIB dos Estados Unidos no primeiro trimestre revela um panorama complexo. Embora o crescimento tenha sido revisado para cima, a desaceleração na atividade econômica é evidente. Esse crescimento é refletido principalmente na fraqueza do mercado imobiliário e no enfraquecimento do mercado de trabalho. No Brasil, os dados do Caged indicam uma primeira surpresa negativa após uma sequência de resultados positivos, mas a resiliência econômica e uma desaceleração controlada do emprego são aspectos fundamentais para a política monetária.
No geral, as políticas de juros elevados continuam a desempenhar um papel crucial na moderação da demanda e na contenção da inflação. Os próximos meses serão decisivos para entender como esses fatores influenciarão as economias e as políticas monetárias dos dois países.
Encerramos o Mercados em Foco edição 28/06/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.