No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. A semana começou num compasso mais lento devido ao feriado nos Estados Unidos, mas hoje entra em destaque a sequência de dados de inflação com o nosso IPCA-15 referente ao mês de maio. Mercados em Foco Edição 28/05/2024.
Impacto do Boletim Focus e Expectativas de Inflação
Ontem, o Boletim Focus trouxe informações relevantes para a discussão sobre inflação. A desancoragem das expectativas em relação à meta do Banco Central (BC) tem levado o Comitê de Política Monetária (Copom) a adotar uma postura mais prudente na condução da taxa Selic. Esta semana, houve mais uma revisão para cima nas projeções do IPCA, de 2024 até 2026, sem alteração na previsão da Selic. Os analistas continuam esperando que a taxa de juros atinja 10% este ano, caindo para 9% no próximo ano, mesmo com a inflação em alta. As expectativas baseadas na renda fixa têm mostrado um aumento ainda mais expressivo do que o observado no Boletim Focus.
Inflação Baseada na Renda Fixa
Para aqueles interessados, a inflação baseada na renda fixa é a diferença entre um título pré-fixado e uma NTN-B (Nota do Tesouro Nacional Série B) correspondente, que paga juros reais mais inflação. Olhando para os próximos 18 meses, período normalmente considerado pelo BC em suas decisões, as expectativas de mercado apontam o IPCA girando em torno de 4,4% a 4,5%, próximo do teto da meta, enquanto o Focus está mais próximo de 3,7%. Ambas as medidas sugerem ao BC que o mercado está duvidando do compromisso com o centro da meta de 3%.
Perspectivas para o IPCA-15
O IPCA-15, que será divulgado hoje às 9 horas, não deve apresentar um cenário tão negativo. Mesmo que a estimativa de 0,47% para o mês se confirme, a inflação em 12 meses cairia para cerca de 3,7%. Esse número mais elevado pode ser atribuído a eventos específicos e temporários, como o aumento nos preços de alimentos in natura devido às enchentes no sul do país e a pressão nas passagens aéreas devido a um mega show no Rio de Janeiro. No entanto, alguns núcleos de inflação devem permanecer em 3% anualizados, alinhados com a meta do BC.
Cenário Externo e Influências Globais
No cenário internacional, algumas notícias podem ser inflacionárias na margem. O custo do frete marítimo, por exemplo, aumentou significativamente. Um contêiner de 40 pés para a costa oeste dos Estados Unidos subiu quase 15% na semana passada, alcançando US$ 4.900. Este é o quinto aumento semanal consecutivo, com o preço triplicando desde o início do ano.
Além disso, o encontro da OPEP, que foi alterado para videoconferência, indica um possível acordo para manter os cortes atuais na produção de petróleo, o que pode influenciar os preços da commodity. Desde o começo do mês, o preço do petróleo caiu cerca de 4% a 5%, apesar dos cortes na oferta.
Perspectivas para o Banco Central Europeu
O Banco Central Europeu (BCE) tem sido um ator crucial na política monetária global, especialmente em um momento de incerteza econômica. Recentemente, houve um aumento nas expectativas de que o BCE possa começar a reduzir os juros, um movimento que pode ter implicações significativas para a economia global. O diretor francês do BCE recentemente corroborou as declarações da presidente Christine Lagarde, sugerindo que cortes de juros podem ocorrer já nas próximas reuniões de junho e julho.
Os cortes de juros estão sendo considerados em resposta a várias pressões econômicas. A inflação na zona do euro tem mostrado sinais de desaceleração, e há uma crescente preocupação com o crescimento econômico. Reduzir os juros poderia estimular a economia ao tornar o crédito mais barato e incentivar investimentos e gastos dos consumidores. Além disso, o BCE está atento aos desenvolvimentos globais, como as políticas monetárias dos Estados Unidos e as condições do mercado de commodities, que também influenciam suas decisões.
Se o BCE iniciar os cortes de juros, isso poderá ter uma série de impactos tanto na Europa quanto globalmente. Na Europa, a redução dos juros pode aliviar a pressão sobre as empresas e consumidores, promovendo um ambiente econômico mais favorável. Empresas poderão obter financiamentos a custos menores, impulsionando investimentos e expansão. Consumidores poderão se beneficiar de condições de crédito mais acessíveis, estimulando o consumo e, consequentemente, o crescimento econômico.
Considerações
Portanto, se o cenário externo se mostrar favorável e o Brasil cooperar, há potencial para resultados positivos no mercado. A combinação de um cenário internacional mais estável, com reduções de juros por parte do BCE, e uma resposta adequada do Banco Central do Brasil, pode criar um ambiente propício para a retomada econômica e estabilização da inflação. Os investidores estarão atentos às movimentações do IPCA-15 e às ações do Copom para ajustar suas expectativas e estratégias de mercado. Nesse contexto, o compromisso com a meta de inflação é crucial para manter a confiança dos agentes econômicos.
Encerramos o Mercados em Foco edição 28/05/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.