Mercados em Foco edição 25/09/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada recentemente trouxe um tom claro e direto, reforçando a necessidade de uma política monetária mais restritiva. Embora cauteloso, o Banco Central (BC) mostrou estar alinhado com as expectativas do mercado, destacando a importância de manter o controle da inflação. O Comitê destrinchou os principais elementos de sua análise, deixando claro que os riscos fiscais e o hiato do produto exigem uma postura mais conservadora em relação aos juros. Mercados em Foco edição 25/09/2024.

Balanço de Riscos Assimétrico

Entre os fatores que justificam essa visão restritiva, o Copom destacou o hiato do produto mais apertado, as expectativas de inflação desencorajadas e o risco fiscal. Esses elementos contribuem para um balanço de riscos assimétrico, com viés autista, sugerindo que o cenário econômico demanda cautela. Esse contexto praticamente elimina dúvidas sobre a decisão de novembro. O mercado já precifica uma nova alta de juros, com a expectativa de um aumento de 0,50 pontos percentuais.

Impacto no Mercado Financeiro

Apesar da relevância da ata do Copom, o mercado doméstico se concentrou em outros acontecimentos, como o pacote de estímulo na China. A economia chinesa, em busca de retomar o crescimento, anunciou cortes de juros e apoio ao setor imobiliário, o que impactou positivamente as bolsas e os mercados de commodities. A fala de Roberto Campos Neto, presidente do BC, também gerou impacto ao afirmar que a abertura da curva de juros estava sendo exagerada.

Esse cenário levou à queda dos juros futuros no Brasil. Após três sessões consecutivas de alta, os contratos de juros de 10 anos fecharam em queda, com os vencimentos mais longos recuando cerca de 30 pontos. Isso reflete um otimismo maior do mercado em relação às perspectivas econômicas, tanto no Brasil quanto globalmente.

Recuperação da Bolsa Brasileira

Na bolsa de valores, o impacto do apoio chinês às commodities foi direto. O Índice Bovespa, que vinha de cinco sessões consecutivas em queda, registrou alta superior a 1%, voltando ao patamar dos 132 mil pontos. O setor de commodities, que representa uma parte significativa do índice, foi o principal beneficiado com o movimento de recuperação. A demanda global por matérias-primas e o suporte dado pela China ajudaram a impulsionar a valorização desses ativos.

Valorização do Real

Outro reflexo das decisões de política monetária é observado no mercado de câmbio. O cenário global de corte de juros nos Estados Unidos e a elevação dos juros no Brasil têm ampliado o diferencial de taxas entre as duas economias, o que favorece a valorização do real. Ontem, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,46, com a moeda brasileira se beneficiando da ata do Copom e da expectativa de novos aumentos de juros.

Confiança do Consumidor nos EUA

Nos Estados Unidos, a agenda econômica trouxe um dado preocupante: a confiança do consumidor em setembro foi muito abaixo das expectativas. Esse declínio inesperado elevou as preocupações sobre a atividade econômica americana, principalmente considerando o atual momento de sensibilidade com relação ao mercado de trabalho e à inflação. A queda na confiança dos consumidores reflete, em parte, a desaceleração no ritmo de criação de empregos, o que gera incertezas sobre a sustentabilidade da recuperação econômica.

Esse cenário de fragilidade econômica nos EUA levou a uma queda nos retornos dos Treasuries, já que os investidores buscaram segurança em ativos de menor risco. Para novembro, as chances de um corte de 0,50 pontos percentuais nos juros americanos subiram para mais de 60%, de acordo com as expectativas da CME.

Alta Modesta das Bolsas Americanas

Nas bolsas americanas, os índices continuaram a registrar altas modestas, com o Dow Jones e o S&P 500 renovando seus recordes de fechamento. No entanto, foi o índice Nasdaq, impulsionado por ações de tecnologia, que apresentou o maior ganho. A recuperação dessas ações tem sido consistente e, segundo estudo da Bloomberg, está cada vez mais correlacionada com o desempenho das criptomoedas. Esse cenário sugere que, tanto os ativos de tecnologia quanto as criptomoedas, têm se beneficiado do ambiente macroeconômico atual, de estímulos e juros baixos.

Ouro e o Benefício da Demanda Chinesa

Outro ativo que vem apresentando forte desempenho é o ouro. O metal precioso atingiu um novo recorde de preço, impulsionado pelo pacote de estímulos da China. Como a economia chinesa é uma das maiores consumidoras de commodities no mundo, qualquer movimento de estímulo econômico lá acaba gerando impactos significativos nos mercados globais, e o ouro tem se mostrado um dos principais beneficiados.

China e o Impacto no Brasil

O pacote de estímulos da China traz impactos diretos para o Brasil, dado que a economia brasileira é altamente dependente das exportações de commodities. No entanto, apesar do efeito positivo inicial, especialistas apontam que o pacote ainda é insuficiente para resolver os desafios estruturais da economia chinesa, como a baixa demanda doméstica, o alto nível de poupança e a falta de confiança no setor privado. Para uma recuperação sustentável, será necessário um maior volume de gastos e políticas fiscais mais direcionadas.

Expectativas para o IPCA-15 e Contas Externas

Hoje, o destaque no Brasil é a divulgação do IPCA-15 de setembro. A expectativa é de uma alta de 0,31%, levando o acumulado em 12 meses para 4,31%. Essa aceleração nos preços deve ser puxada principalmente pelos preços livres, com destaque para o setor de alimentos, que tem deixado para trás um período de sucessivas deflações. Serviços, por sua vez, continuam pressionados.

Nos preços administrados, mesmo com o acionamento da bandeira vermelha no setor de energia elétrica, ou seja, espera-se uma desaceleração devido à queda nos preços da gasolina e do gás de cozinha. Bens industriais também devem mostrar sinais de moderação. Além disso, a expectativa é de que os núcleos da inflação mostrem uma composição saudável, trazendo algum alívio para a inflação corrente.

Além do IPCA-15, o Banco Central divulgará hoje as contas externas de agosto. A balança comercial do Brasil segue apresentando superávits, mas ainda insuficientes para equilibrar o déficit em conta corrente. Esse desequilíbrio externo é uma preocupação constante, embora o cenário de juros elevados ajude a atrair capital estrangeiro e reduzir parte desse impacto negativo.

Considerações

Em resumo, a ata do Copom reforçou a visão de que o Brasil precisará de uma política monetária mais restritiva nos próximos meses. A expectativa de alta de juros em novembro já está precificada, o que deve continuar impactando positivamente o mercado de câmbio e a bolsa brasileira. Ao mesmo tempo, os movimentos globais, especialmente a recuperação da economia chinesa, também estão influenciando o cenário doméstico, com as commodities desempenhando um papel fundamental na valorização dos ativos locais. A confiança do consumidor nos EUA e os cortes de juros lá seguem como fatores críticos para o comportamento dos mercados nos próximos meses.

Encerramos o Mercados em Foco edição 25/09/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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