Mercados em Foco edição 19/09/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Ontem, o tão esperado dia da “Super Quarta” movimentou os mercados globais. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) iniciou o ciclo de flexibilização da política monetária, cortando as taxas de juros pela primeira vez desde 2020. A decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) reduziu a taxa de juros em 0,50 pontos percentuais, levando os Fed Funds para o intervalo entre 4,75% e 5%. Mercados em Foco edição 19/09/2024.

Essa redução de 0,50 surpreendeu o mercado pela magnitude, já que não era unânime a expectativa de um corte tão grande. Apenas um membro do FOMC votou por uma redução menor, de 0,25 pontos percentuais. A decisão trouxe à tona um gráfico de projeções, conhecido como “dot plot”, que indicou a expectativa de mais dois cortes de 0,25 ainda este ano.

Perspectivas para 2025 e Impactos no Mercado de Trabalho

O Fed indicou uma postura mais agressiva para 2025. A expectativa é de que os cortes acumulados totalizem 100 pontos base ao longo do próximo ano. Esse posicionamento está relacionado à revisão da projeção de desemprego, que aumentou, apesar das estimativas de crescimento do PIB permanecerem constantes.

A redução dos juros provocou uma resposta rápida nos mercados. As bolsas globais subiram significativamente, e o dólar perdeu valor. No Brasil, o real se valorizou mais de 1%, alcançando momentaneamente R$ 5,40. No entanto, esse movimento positivo não durou muito tempo.

Jeremy Powell e o Tom Moderado do Fed

Na coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jeremy Powell, adotou uma postura mais cautelosa. Ele destacou que a economia americana continua a crescer e que o mercado de trabalho, apesar de apresentar sinais de arrefecimento, não aponta para um risco iminente de recessão. Powell ressaltou a possibilidade de um “pouso suave” da economia, onde a inflação pode ser controlada sem causar uma contração econômica severa.

Powell reforçou que o Fed pretende agir de acordo com os dados futuros, uma estratégia conhecida como “data dependence”. Embora o primeiro corte de juros tenha sido significativo, Powell sinalizou que a flexibilização monetária ocorrerá de maneira controlada.

O gráfico de projeções de juros para o longo prazo também sofreu uma leve alteração. A previsão mediana para a taxa de juros de longo prazo subiu de 2,8% para 2,9%. Isso sugere que o Fed não pretende mudar sua visão sobre a taxa terminal, e pode haver uma tendência de alta.

Reação do Mercado: Alta nos Treasuries e Queda nas Bolsas

Após o discurso de Powell, os mercados reagiram de maneira mais cautelosa. Os treasuries americanos subiram, enquanto as bolsas inverteram o movimento de alta e fecharam em queda. O dólar se recuperou, ficando estável em relação às principais moedas globais. No Brasil, o real devolveu boa parte de sua valorização inicial, fechando o dia a R$ 5,46. O Ibovespa, pressionado pelo cenário externo e pela queda das commodities, caiu quase 1%.

Expectativas para a Política Monetária no Brasil

Voltando ao Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, como esperado, aumentar a taxa Selic em 0,25 pontos percentuais, levando-a para 10,75%. A decisão foi unânime e acompanhada de uma comunicação mais dura, reforçando o compromisso com a convergência da inflação à meta.

O Banco Central do Brasil indicou que pode acelerar o ritmo de aumento de juros, caso necessário. As projeções de inflação pioraram devido ao aperto no hiato do produto, o que justifica um cenário de política monetária mais restritiva. O comitê também destacou que o balanço de riscos permanece assimétrico, apontando para a possibilidade de mais aumentos nos juros.

Esse posicionamento do Banco Central contribui para a credibilidade da instituição e pode apoiar uma apreciação do real. No entanto, o cenário externo, marcado pela flexibilização monetária nos Estados Unidos, pode atuar como um fator desafiador.

Projeções para a Política Monetária no Brasil e EUA

Com base nos últimos acontecimentos, a expectativa é que o Banco Central do Brasil continue aumentando a Selic em 0,25 pontos percentuais até o final do ano, levando a taxa para 11,25%. Para a primeira reunião de 2025, espera-se mais um aumento de 0,25 pontos percentuais, que levará a Selic para 11,5%. A partir do segundo semestre do ano que vem, o ciclo de cortes nos juros deve ter início, encerrando 2025 com a Selic em 10,5%.

Nos Estados Unidos, o cenário de flexibilização monetária também deve continuar ao longo de 2025. Com os cortes já projetados para este ano, espera-se que o Fed continue reduzindo os juros em 100 pontos base ao longo do próximo ano, especialmente se o mercado de trabalho americano continuar enfraquecendo.

Decisões de Política Monetária na Inglaterra e China

Hoje, o mercado permanece atento a outras decisões de política monetária, com o Banco da Inglaterra (BoE) e o Banco Popular da China (PBOC) sendo os destaques. Na Inglaterra, a inflação mostrou sinais de desaceleração nos últimos meses, o que levanta a possibilidade de um corte nos juros em breve. No entanto, é provável que o BoE mantenha os juros em 5% na reunião de hoje, embora a decisão possa não ser unânime.

Na China, o cenário também é de expectativa pela manutenção dos juros, mas com um viés mais baixista. O governo chinês tem adotado medidas para estimular a economia, incluindo a redução da proporção de depósitos que os bancos são obrigados a manter como reserva. Esse movimento aumenta a liquidez no sistema financeiro, o que pode impulsionar o crédito e a atividade econômica. No entanto, com as margens das empresas cada vez mais apertadas e a atividade econômica fraca, a pressão para um corte nos juros se intensifica. Ainda assim, a queda de juros na China não deve ocorrer imediatamente.

Arrecadação Federal no Brasil

No Brasil, o foco de hoje está na divulgação dos dados de arrecadação da Receita Federal referentes a agosto. A expectativa é de um crescimento disseminado em diversos tributos, impulsionado pela força da atividade econômica. Esse crescimento deve contribuir para mais um avanço real da arrecadação, na ordem de dois dígitos em comparação com o mesmo período do ano passado. A forte performance da Receita Federal é um fator positivo para o governo, que busca equilibrar suas contas públicas.

Considerações

Em resumo, a “Super Quarta” trouxe decisões importantes para os rumos da economia global. Nos Estados Unidos, o início do ciclo de cortes nos juros marca uma nova fase na política monetária do Fed, com impactos significativos para os mercados financeiros. No Brasil, o Banco Central segue um caminho de aperto monetário, enquanto o cenário externo pode desafiar a valorização do real.

Com as próximas reuniões de política monetária na Inglaterra e China, o mercado continuará monitorando os desdobramentos globais, enquanto a economia brasileira segue demonstrando força na arrecadação. Os investidores devem permanecer atentos às sinalizações futuras, tanto do Fed quanto do Copom, para entender melhor os rumos da economia nos próximos meses.

Encerramos o Mercados em Foco edição 19/09/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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