Mercados em Foco edição 15/08/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Nos últimos meses, a economia global tem sido dominada pelo medo de uma recessão, especialmente nos Estados Unidos. Os dados de inflação, observados de perto por investidores, trouxeram recentemente uma surpresa positiva, com números abaixo das expectativas e gerando otimismo nos mercados. Mercados em Foco edição 15/08/2024.

Dados de Inflação nos EUA: Alívio para os Mercados

O Índice de Preços ao Produtor (PPI) dos Estados Unidos, divulgado ontem, mostrou um aumento de 0,1% em julho, uma desaceleração significativa. Isso reduziu a taxa anual para 2,2%. A abertura dos dados revelou uma tendência positiva, com o núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, estabilizando-se em 2,4%. Dessa forma, a percepção de que o Federal Reserve (Fed) está conseguindo conter a inflação sem sufocar o crescimento econômico.

Os mercados reagiram rapidamente, ou seja, mesmo com a expectativa em torno do Índice de Preços ao Consumidor (CPI), que será divulgado em breve, os investidores já começaram a precificar a possibilidade de um corte de 50 pontos base na taxa de juros em setembro. Isso causou a desvalorização dos rendimentos dos Treasuries e do dólar, que perdeu força frente a outras moedas.

Repercussões no Mercado de Ações

Com menor pressão inflacionária nos EUA, a demanda por ativos de risco aumentou. As bolsas de Nova York fecharam em alta. O índice Dow Jones subiu mais de 1%, e a Nasdaq avançou quase 2,5%. Esse otimismo global também beneficiou o mercado financeiro brasileiro. O Ibovespa ultrapassou os 132 mil pontos, atingindo o maior nível desde janeiro.

No mercado de juros futuros, os Depósitos Interfinanceiros (DEIs) seguiram a tendência global e fecharam em queda, exceto na ponta curta. Contudo, a queda menos intensa deve-se ao desempenho positivo do setor de serviços no Brasil. Em junho, o setor cresceu 1,7%, superando as expectativas, com alta disseminada. O IBGE também revisou para cima a estimativa de safra agrícola e relatou aumento no abate de animais no segundo trimestre. Esses dados refletem a resiliência da economia brasileira diante das incertezas globais.

A Resiliência da Economia Brasileira

Enquanto o mundo discute o risco de recessão, a economia brasileira continua aquecida. Indicadores de alta frequência mostram desempenho econômico robusto, criando a necessidade de manter as taxas de juros elevadas. O Banco Central do Brasil, atento ao cenário, adota uma postura cautelosa, contrastando com a expectativa de corte de juros nos Estados Unidos.

Contudo, essa diferença nas políticas monetárias entre Brasil e EUA favorece a valorização do real, que se fortaleceu pelo sexto dia consecutivo, fechando abaixo de R$5,45 contra o dólar. Além dos fatores externos, a apreciação da moeda brasileira se deve a fatores domésticos, como avanços fiscais e declarações assertivas de membros do Banco Central, reforçando a credibilidade da política econômica.

Cenário Fiscal e Reformas

No âmbito fiscal, o Brasil avança com importantes reformas. Ontem, o segundo projeto da regulamentação da reforma tributária foi aprovado na Câmara dos Deputados, com 303 votos a 142. A votação dos destaques ocorre hoje, juntamente com a análise do PL da dívida dos estados e o texto da desoneração da folha de pagamento. O senador Jaques Wagner garantiu que a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) ficará fora da proposta de desoneração, o que é relevante para o equilíbrio fiscal a médio prazo.

Esses avanços reforçam a percepção de que, apesar dos desafios, o Brasil está comprometido com a estabilidade fiscal, o que atrai investidores e sustenta o desempenho positivo dos ativos locais.

Expectativas para os Próximos Dias: CPI e Varejo

Hoje, os mercados se concentram na divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nos Estados Unidos. Além disso, dependendo dos resultados, poderemos ter uma indicação mais clara sobre o ritmo dos cortes de juros em setembro. A expectativa é de um aumento de 0,2% tanto no índice geral quanto no núcleo, ou seja, com leve assimetria: o índice geral pode surpreender para baixo e o núcleo para cima. Em termos anuais, espera-se que a variação seja ligeiramente inferior à anterior, com o índice geral indo para 3% e o núcleo para 3,3%.

Este é o dado mais aguardado da semana, com potencial para influenciar decisões de política monetária nos EUA e mercados globais.

No Brasil, o dia também será movimentado com a divulgação dos dados de vendas do varejo. Segundo a FENABRAVE, o comércio ampliado deve ser impulsionado pelas vendas de automóveis, com expectativa de avanço de 1,6%. O comércio restrito, que exclui veículos e materiais de construção, deve crescer 0,2%, devido à desaceleração nas vendas de supermercados.

Dados Econômicos da China

Outro ponto de atenção é a divulgação dos dados econômicos da China. As vendas no varejo devem mostrar crescimento sustentado pela demanda por serviços e bens duráveis, enquanto a produção industrial pode desacelerar, refletindo preocupações com o setor imobiliário e a fraqueza dos PMIs de manufatura.

Considerações

Em resumo, o cenário econômico global está em um ponto crítico, com os dados de inflação dos Estados Unidos desempenhando um papel essencial na definição das expectativas para os próximos meses. Enquanto os mercados aguardam ansiosamente os próximos indicadores, como o CPI, a resiliência da economia brasileira se destaca, oferecendo uma perspectiva positiva, mas que exige cautela, especialmente em relação à condução da política monetária e fiscal.

Os próximos dias serão fundamentais para determinar a direção dos mercados, tanto no Brasil quanto no exterior. Em um mundo de incertezas, políticas bem calibradas e estabilidade fiscal continuarão a sustentar o crescimento e a estabilidade econômica.

Encerramos o Mercados em Foco edição 15/08/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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