No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Os principais assuntos de hoje são a ata do Copom, demissão na Petrobras e varejo americano. Mercados em Foco Edição 15/05/2024.
Ata do Copom e Selic
A ata da última decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) trouxe o esperado: tentou harmonizar as divergências entre os membros que votaram por cortes de 25 e 50 pontos na Selic. O documento destacou que aqueles a favor de um corte maior queriam manter a sinalização dada na reunião anterior, devido às dúvidas sobre mudanças significativas no cenário econômico.
Para esses membros, levantar essas dúvidas não significa ser leniente com a inflação. Eles acreditam que as projeções de inflação são mais impactadas pela taxa de juros final do que pelo ritmo dos cortes, sugerindo uma visão comum sobre a Selic final. Em resumo, alguns membros preferem chegar à meta mais rápido, enquanto outros preferem um ritmo mais lento.
Apesar das diferenças, todos compartilham o compromisso com a meta de inflação. Com as expectativas inflacionárias piorando, aumentou a probabilidade de o ciclo de cortes terminar na próxima decisão. Esse entendimento foi corroborado pela nossa rotina de inteligência artificial, que tenta ler o tom do documento, e pelo mercado, que agora vê dois terços de chance de a Selic fechar nos atuais 10,5%.
Entrevista de Paulo Picchetti
Em uma entrevista à Bloomberg, o diretor Paulo Picchetti comentou sobre a comunicação do presidente Roberto Campos Neto no FMI. Ele sugeriu que o Copom deveria priorizar mecanismos oficiais de comunicação, indicando que as observações de Campos Neto não foram totalmente discutidas no comitê.
Paulo Picchetti explicou que a comunicação do presidente aconteceu em um evento e que, honestamente, não sabe se Campos Neto tinha a intenção de transformar isso numa orientação, mas acabou sendo o caso. Ele completou que o Copom deveria priorizar mecanismos oficiais de comunicação, com o que ele concorda totalmente. Isso sugere que o processo da Selic pode ter deixado algumas cicatrizes e que uma nova divisão de votos poderia aumentar a desconfiança dos analistas.
No final, parece que Campos Neto tem controle sobre o comitê e é provável que a Selic feche em 10,5% com um voto unânime.
Demissão na Petrobras
Em um movimento inesperado, o presidente da Petrobras, Jean-Paul Prats, foi demitido pelo presidente Lula. Segundo a colunista Maria Cristina Fernandes, do Valor, ele tomou essa decisão por preferir alguém com uma visão mais nacionalista. Especula-se que Magda Chambriard ex-diretora-geral da ANP no governo Dilma, possa assumir o cargo.
Essa mudança levanta especulações sobre um possível viés pró-cortes nos preços dos combustíveis. No entanto, considerando o atual gap de 9% na gasolina (já foi de 15%), não parece haver muito espaço para grandes reduções. É importante observar como essa decisão influenciará a política de preços da Petrobras e seu impacto no mercado.
Mercados Externos
Hoje, às 9h30, saem os dados de inflação ao consumidor dos EUA. O índice de preços ao produtor (PPI), divulgado ontem, subiu mais do que o esperado, mas detalhes do relatório trouxeram algum alívio aos investidores. Algumas categorias-chave que alimentam a medida de inflação preferida pelo Banco Central apresentaram resultados moderados e os analistas revisaram os números de março para deflação.
Com essas informações, os mercados reduziram o receio de uma surpresa inflacionária no dado de hoje. Se o CPI vier em linha com as expectativas, a inflação anual americana deve desacelerar, mas ainda ficará acima de 3%. Isso será crucial para as próximas decisões do Federal Reserve sobre a política monetária, afetando os mercados globais.
Vendas no Varejo Americano
Também saem hoje os dados de vendas no varejo americano. Apesar da poupança acumulada pós-pandemia ter zerado, isso não deve afetar negativamente o consumo. O efeito riqueza das bolsas e dos preços das casas mantém o consumo aquecido. Para ter uma ideia, o patrimônio líquido das famílias americanas está entre 15 a 20 trilhões de dólares acima da tendência pré-pandemia.
Esse dado é importante porque o consumo é um dos principais motores da economia americana. Assim, se as vendas no varejo se mantiverem fortes, isso poderá indicar uma resiliência da economia dos EUA, mesmo diante de desafios como inflação e possíveis ajustes na política monetária.
Conclusão
Portanto, as incertezas marcam o cenário econômico atual tanto no mercado doméstico quanto no internacional. A ata do Copom revelou uma divisão entre os membros sobre o ritmo dos cortes na Selic, mas o compromisso com a meta de inflação é unânime. A demissão do presidente da Petrobras adiciona um novo elemento de incerteza no mercado brasileiro. Nos EUA, os dados de inflação e vendas no varejo serão cruciais para entender o próximo movimento do Federal Reserve.
Encerramos o Mercados em Foco edição 15/05/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.