No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. A inflação é um dos indicadores econômicos mais monitorados, refletindo a variação nos preços de bens e serviços ao longo do tempo. Recentemente, os Estados Unidos apresentaram uma surpresa positiva nos números da inflação de junho, gerando um alívio no mercado financeiro e influenciando a trajetória das taxas de juros e moedas ao redor do mundo. Neste post, exploraremos os detalhes dessa inflação, suas implicações no mercado e os efeitos no cenário econômico global. Mercados em Foco edição 12/07/2024.
Inflação de Junho: Resultados e Surpresa
Os números de inflação de junho nos Estados Unidos vieram significativamente melhores do que o esperado. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) apresentou uma deflação de 0,1%. Além disso, o núcleo do CPI, que exclui alimentos e energia, e o Supercore, que exclui habitação, também mostraram uma desaceleração nos preços dos serviços.
Este resultado foi uma notícia muito aguardada pelo mercado, consolidando as expectativas de cortes nas taxas de juros a partir de setembro. Com ainda dois relatórios de inflação e emprego a serem divulgados até lá, a visão do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que os riscos estão mais equilibrados, parece se confirmar.
Reações do Mercado Financeiro
A leitura benigna da inflação levou a uma reação forte no mercado. A curva do CME exagerou, prevendo três cortes de juros ainda este ano. Como resultado, os juros dos Treasuries tiveram mais uma sessão de queda disseminada, e o dólar sofreu uma queda expressiva. Uma das moedas que mais se beneficiou desse movimento foi o iene japonês.
A valorização do iene gerou especulações sobre uma possível intervenção do Banco do Japão, especialmente após a moeda atingir seu ponto mais fraco desde 1986 na semana passada. Paralelamente, a Bolsa de Tóquio ultrapassou os 42 mil pontos, quebrando recordes, mesmo após uma correção recente.
Em Nova York, porém, as bolsas não conseguiram manter suas sequências de recordes. Muitos investidores decidiram realizar lucros, especialmente no Nasdaq, que fechou em queda junto com a SAP.
Cenário Brasileiro
No Brasil, os dados do comércio de maio surpreenderam positivamente, mostrando um avanço de 1,2% em comparação às expectativas de queda. Com esse resultado, as vendas no varejo avançaram pelo quinto mês consecutivo, ou seja, atingindo o maior patamar da série histórica. Grupos como supermercados, farmácias e artigos de uso pessoal continuaram a mostrar um bom desempenho, reforçando o consumo das famílias no segundo trimestre.
A reação do mercado brasileiro foi positiva, com o Ibovespa registrando a nona sessão seguida de alta, firmando-se nos 128 mil pontos. No entanto, os DI’s mostraram um comportamento misto, com viés de alta no curto prazo e baixa no longo prazo. O que realmente chamou a atenção foi a alta volatilidade da moeda brasileira em relação ao dólar.
Desvalorização do Real e Carry Trade
A desvalorização do real se destacou entre as moedas emergentes. Dois movimentos principais explicaram essa desvalorização. Além disso, o primeiro está relacionado ao Japão e à estratégia conhecida como Carry Trade. Nessa estratégia, investidores pegam emprestado em uma moeda com juros baixos, como o iene, e investem em uma moeda com juros mais altos, como o real. Porém, com a valorização do iene, manter essas operações fica caro, levando os investidores a venderem reais para cobrir suas posições em iene.
O segundo movimento foi local, influenciado por mudanças no discurso político em Brasília. O senador Eduardo Braga, relator da regulamentação da reforma tributária no Senado, mencionou a possibilidade de retirar a urgência do projeto e indicou que a aprovação do texto dificilmente ocorrerá até o fim do ano. Além disso, sugeriu um aumento nos impostos sobre o setor financeiro para compensar a desoneração da folha de pagamento, informação confirmada pelo líder do governo, Randolph Rodrigues.
Perspectivas e Expectativas
Para hoje, a agenda econômica segue movimentada. Nos Estados Unidos, os dados do Índice de Preços ao Produtor (PPI) também devem confirmar a inflação bem comportada em junho. Além disso, os resultados de grandes bancos estão no radar dos investidores, atentos ao impacto das taxas de juros mais altas por mais tempo. Vale lembrar que, no ano passado, algumas instituições financeiras enfrentaram dificuldades.
No Brasil, os números de serviços referentes a maio serão divulgados. Após a surpresa positiva com o varejo, espera-se um viés otimista, apesar do impacto modesto das enchentes no Rio Grande do Sul. Ainda assim, a expectativa é de que o número para os serviços possa ser negativo.
Considerações
Em resumo, os resultados da inflação de junho nos Estados Unidos trouxeram um alívio significativo para o mercado financeiro, com reflexos positivos em diversas áreas. A desaceleração dos preços, especialmente nos serviços, reforça a possibilidade de cortes nas taxas de juros, impactando moedas e mercados ao redor do mundo. No Brasil, o cenário econômico também apresenta sinais positivos, apesar das volatilidades cambiais e incertezas políticas. Continuaremos a monitorar os próximos dados e eventos, que serão cruciais para definir as trajetórias econômicas futuras.
Encerramos o Mercados em Foco edição 12/07/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.