No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Nesta segunda-feira, os mercados globais iniciaram a semana com cautela, refletindo a ausência de eventos relevantes na agenda econômica. O foco dos investidores está direcionado aos principais indicadores que serão divulgados ao longo da semana, enquanto eles avaliam os movimentos do mercado em busca de novas oportunidades. Mercados em Foco edição 10/09/2024.
Recuperação das Bolsas nos EUA
Depois de uma semana marcada por fortes quedas, o mercado acionário dos Estados Unidos apresentou uma recuperação robusta. Na sessão de ontem, todas as principais bolsas americanas subiram mais de 1%, marcando um início de semana otimista. Essa recuperação sugere um movimento de correção após a volatilidade da semana anterior.
Nos mercados de juros, o cenário também mostrou sinais de correção, especialmente nos títulos de curto prazo dos Treasuries, que registraram uma valorização. Essa movimentação refletiu a percepção de que os mercados estavam ajustando suas expectativas em relação à política monetária do Federal Reserve, que permanece em destaque na mente dos investidores.
Movimentos Mistos no Mercado Brasileiro
Aqui no Brasil, o mercado não seguiu uma direção tão clara quanto nos Estados Unidos. As taxas de juros de longo prazo subiram, resultando em uma perda de inclinação na curva de juros. Esse movimento trouxe incertezas sobre a trajetória dos juros no país. O dólar registrou um leve ganho frente às principais moedas, refletindo a falta de direcionalidade clara no mercado local e global.
O mercado de câmbio brasileiro também mostrou sinais de cautela, com o dólar fechando o dia cotado a R$ 5,58, marcando uma leve valorização frente ao real. Os investidores mantiveram uma postura mais defensiva, aguardando a divulgação de dados econômicos locais mais relevantes, especialmente o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que será divulgado em breve.
Ibovespa em Leve Alta com Apoio da Petrobras
No mercado acionário brasileiro, o Ibovespa teve um desempenho positivo, registrando uma leve alta. Esse movimento foi impulsionado pela recuperação das ações da Petrobras, que se beneficiaram da alta no preço do petróleo. Após uma queda de 8% na semana anterior, o petróleo recuperou parte de suas perdas devido a dois fatores principais.
O primeiro fator foi a formação da tempestade tropical Francine, que pode evoluir para um furacão e ameaçar as operações de petróleo no Golfo do México. Qualquer interrupção na produção dessa região pode impactar diretamente a oferta global de petróleo, o que acaba elevando os preços da commodity. O segundo fator foi o aumento das compras de petróleo por parte da China, que está aproveitando as cotações mais baixas para aumentar suas reservas estratégicas. Esse movimento por parte do governo chinês deu suporte adicional à recuperação do preço do petróleo.
Expectativas para o IPCA de Agosto
A divulgação do IPCA de agosto será o grande destaque do dia, sendo considerado o dado mais relevante antes da próxima reunião de política monetária do Banco Central. As expectativas do mercado apontam para uma deflação de 0,01% no mês, uma desaceleração significativa em relação à alta de 0,38% registrada em julho.
Além disso, as passagens aéreas, que registraram alta no mês passado, deverão voltar ao território negativo, contribuindo para a queda do índice. No entanto, a desaceleração dos preços dos alimentos no domicílio deverá ser menos intensa, conforme indicaram os dados do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPCS), divulgados ontem. A sazonalidade do retorno às aulas também deve trazer um impacto significativo nos preços de educação.
Caso a projeção de deflação se confirme, o IPCA acumulado em 12 meses deverá cair de 4,50% para 4,25%, saindo assim do teto da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central. No entanto, apesar dessa perspectiva de alívio inflacionário, o cenário de médio prazo ainda é desafiador.
Pressões Inflacionárias e Riscos Fiscais
As projeções do mercado indicam que, na média dos últimos três meses, várias métricas de inflação devem permanecer próximas de 5%, o que sugere uma persistência das pressões inflacionárias. Esse cenário levanta preocupações sobre a possibilidade de o Banco Central não atingir a meta de inflação nos próximos meses.
Além disso, a conjuntura econômica atual é marcada por uma série de riscos que podem exacerbar as pressões inflacionárias. Entre os principais riscos estão a desvalorização da moeda, a desaceleração do crescimento econômico, as incertezas fiscais e o impacto das condições climáticas adversas.
A seca prolongada em várias regiões do país tem gerado preocupações adicionais, não apenas no setor agrícola, mas também em relação ao fornecimento de energia. As queimadas e a escassez de chuvas têm impactado a produção agrícola, o que pode pressionar ainda mais os preços dos alimentos. No setor de energia, a falta de chuvas pode forçar o governo a manter a bandeira tarifária vermelha, elevando os custos de eletricidade para os consumidores.
Diante desse cenário, a nossa projeção para o IPCA segue em 4,4%, refletindo a complexidade dos fatores que influenciam a inflação no Brasil.
Expectativas para o Debate entre Donald Trump e Kamala Harris
No cenário internacional, um evento que atrairá a atenção dos investidores hoje será o primeiro debate televisivo entre Donald Trump e Kamala Harris. Esse debate é particularmente importante, pois ocorre em um momento de grande polarização política no país, com a diferença de popularidade entre os dois candidatos bastante acirrada.
O debate pode influenciar significativamente a percepção dos eleitores indecisos e dos chamados estados-chaves, que desempenham um papel crucial na definição do resultado das eleições presidenciais americanas. Além disso, novas estratégias de campanha podem surgir nos dias seguintes, enquanto os candidatos tentam conquistar mais apoio nas semanas finais antes das eleições.
Considerações
Em resumo, os investidores mantêm os olhos atentos aos dados econômicos que serão divulgados ao longo dos próximos dias. A recuperação das bolsas nos Estados Unidos trouxe um alívio momentâneo, mas o cenário no Brasil permanece desafiador, com a inflação ainda pressionada por uma série de fatores.
O IPCA de agosto será um indicador-chave para definir os próximos passos da política monetária do Banco Central. Será necessário equilibrar os riscos inflacionários com a necessidade de sustentar o crescimento econômico. Enquanto isso, o debate presidencial nos Estados Unidos poderá trazer volatilidade aos mercados internacionais. Os investidores avaliam o impacto das eleições americanas na economia global.
Encerramos o Mercados em Foco edição 10/09/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.