Mercados em Foco edição 03/09/2024.

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. A primeira sessão de setembro foi caracterizada por baixa liquidez, impulsionada pelo feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos. Com os mercados norte-americanos fechados, o foco dos investidores se voltou inteiramente para o Brasil. Nesse contexto, o principal destaque foi o detalhamento do orçamento de 2025, que gerou discussões acaloradas sobre a viabilidade do cumprimento da meta fiscal estabelecida pelo governo. Mercados em Foco edição 03/09/2024.

Ceticismo do Mercado em Relação à Meta Fiscal

Apesar das garantias do governo sobre o cumprimento da meta fiscal, o mercado continua cético. Analistas identificam desafios estruturais que podem dificultar a realização das metas. O projeto de orçamento, embora detalhado, não apresentou medidas efetivas para conter o crescimento das despesas obrigatórias. Em vez disso, o foco foi direcionado à revisão de gastos, como cortes de benefícios pagos indevidamente. Essa abordagem, por si só, pode não ser suficiente para garantir a sustentabilidade fiscal.

Crescimento das Despesas Obrigatórias

As despesas obrigatórias do governo federal devem crescer mais de R$ 132 bilhões em 2025. Despesas com benefícios previdenciários e salários do funcionalismo público consomem quase todo o espaço disponível para novos gastos. Com esse cenário, o governo se torna cada vez mais dependente de receitas extraordinárias, cuja origem é incerta e que exigem aprovação no Congresso Nacional.

Risco Fiscal e Impactos nos Mercados

O orçamento para 2025 foi criticado por apresentar estimativas otimistas em relação às receitas e subestimar as despesas. Essa combinação mantém o cenário fiscal brasileiro em risco. Além disso, a mudança para a bandeira tarifária vermelha, patamar 2, na energia elétrica, contribuiu para uma alta disseminada nos DIs (Depósitos Interfinanceiros). Apenas a ponta curta dos DIs recuou ligeiramente, mas continua a indicar uma possível alta na taxa Selic.

Movimentações no Mercado Cambial

No mercado cambial, o real sofreu uma desvalorização de quase 3% na semana anterior, mas registrou uma leve correção na última sessão, fechando a R$ 5,61. Para conter a volatilidade, o Banco Central do Brasil realizou mais um leilão de novos contratos de swap cambial, injetando US$ 735 milhões no mercado. No total, a intervenção do BC somou US$ 3 bilhões, com o objetivo de atender à demanda de liquidez.

Desempenho do Ibovespa e Principais Ações

O Ibovespa recuou 0,8% na primeira sessão de setembro, com destaque negativo para as ações da Vale, que foram fortemente impactadas pela queda no preço do minério de ferro. A fraqueza do PMI (Índice de Gerentes de Compras) chinês em agosto refletiu um desempenho econômico abaixo do esperado, prejudicando a demanda por minério. A Petrobras também registrou queda após o secretário do Tesouro, Rogério Cerón, afirmar que o governo não espera um pagamento extraordinário de dividendos da estatal. Além disso, a Petrobras anunciou uma redução de quase 9% no preço do querosene de aviação a partir de setembro, o que impactou negativamente as expectativas de receita da empresa. No entanto, o petróleo no mercado internacional registrou uma leve recuperação, impulsionada por um relatório da Reuters que indicou uma redução na produção da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para o menor nível desde janeiro.

Riscos Geopolíticos e Expectativas para o PIB

Os riscos geopolíticos continuam a ser um fator de preocupação para os investidores. Em Brasília, o foco está na reunião entre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para definir a data da sabatina de Gabriel Galípolo, indicado para a presidência do Banco Central. Entretanto, o grande destaque econômico é a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre de 2024. A expectativa é de uma alta de 0,9%, mesmo após a tragédia no Rio Grande do Sul, que teve um impacto menor do que o inicialmente previsto.

Setores em Destaque no PIB do Segundo Trimestre

O setor de serviços deve ser o principal destaque do PIB, impulsionado pelas atividades relacionadas ao consumo das famílias, que se beneficiam do bom momento do mercado de trabalho. A indústria também deve apresentar um desempenho positivo, principalmente devido à recuperação da transformação desde o início do ano. Por outro lado, a agropecuária será a única exceção, não por apresentar resultados negativos, mas devido à sazonalidade mais favorável do primeiro trimestre para a safra brasileira.

Análise do Consumo e das Importações

Do lado da demanda, o consumo das famílias e a formação bruta de capital fixo devem ser as principais contribuições positivas para o crescimento do PIB. No entanto, o consumo do governo e o setor externo devem exercer uma pressão negativa, com destaque para o aumento expressivo das importações, que impactam diretamente o saldo da balança comercial brasileira.

Perspectivas Econômicas para o Resto de 2024

Para o restante de 2024, esperamos um hiato do produto mais apertado, com os dados de alta frequência mostrando resiliência. A maioria dos indicadores econômicos se estabilizou em níveis elevados, próximos às máximas históricas. Setores estruturalmente mais frágeis, como a indústria e a construção civil, estão experimentando o melhor momento em anos. As projeções para a safra anual no setor agrícola continuam a subir, indicando os melhores números desde janeiro. Na pecuária, o abate de bovinos alcançou um recorde histórico no primeiro trimestre, e os resultados preliminares do segundo trimestre apontam para uma expansão nos abates de bovinos, suínos e frangos.

Considerações

Em resumo, com base nos dados atuais, a projeção de crescimento do PIB para 2024 é de 2,5%. A resiliência do consumo das famílias, a recuperação da indústria e a expansão do setor agrícola impulsionarão esse crescimento. No entanto, os desafios fiscais permanecem uma preocupação central. A necessidade de ajuste nas despesas obrigatórias e a dependência de receitas extraordinárias representam riscos significativos para a sustentabilidade do crescimento econômico a longo prazo. Manter a confiança do mercado e evitar desequilíbrios fiscais será crucial para sustentar o crescimento projetado e garantir a estabilidade econômica do Brasil nos próximos anos.

Encerramos o Mercados em Foco edição 03/09/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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