Mercados em Foco edição 01/08/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Ontem, finalmente, o dia mais esperado da semana chegou: a famosa Super Quarta. Esse é o dia em que os mercados financeiros do mundo inteiro ficam em alerta máximo para acompanhar as decisões de política monetária dos principais bancos centrais. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) e, no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, tomaram decisões que impactaram significativamente os mercados globais. Vamos analisar como cada uma dessas decisões afetou os mercados e o que podemos esperar daqui para frente. Mercados em Foco edição 01/08/2024.

Decisões do Fed nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, como esperado, o Fed manteve os juros inalterados no intervalo de 5,25% a 5,5%. Esta decisão não trouxe grandes surpresas, mas o comunicado inicial causou um certo alvoroço, pois não deixou sinais claros de que o comitê já se sente seguro para considerar cortes de juros. No entanto, logo em seguida, o presidente Jerome Powell fez declarações que acalmaram os mercados.

Powell indicou que o foco do Fed agora está em ambos os lados de seu mandato duplo: controle da inflação e pleno emprego. Isso significa que, com o progresso já feito no combate à inflação, o Fed também está atento para evitar uma desaceleração mais forte no mercado de trabalho. Ele deixou claro que não quer ver mais sinais de esfriamento econômico. Segundo Powell, um corte de juros pode estar na mesa na reunião de setembro, se os dados econômicos continuarem apontando na direção desejada pelo Banco Central.

Essa comunicação mais clara trouxe um alívio imediato aos mercados. Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (treasuries) caíram, e as bolsas de valores tiveram um rali. Esse otimismo reflete a confiança dos investidores de que o Fed está no caminho certo para equilibrar o combate à inflação com o suporte ao crescimento econômico.

A Situação no Brasil

No Brasil, a dinâmica foi um pouco diferente antes da decisão do Copom. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, e os títulos de prazo intermediário surfaram no otimismo externo, mas a ponta curta e o real ficaram mais reféns do nosso comunicado interno. O Banco Central do Brasil, como previsto, manteve a taxa Selic inalterada em 10,5%, de forma unânime. No entanto, a mensagem passada pelo Copom foi mais dovish (favorável a uma política monetária mais frouxa) do que o mercado esperava.

Mudanças no Horizonte de Metas

Esta foi a primeira decisão após a mudança nos sistemas de meta de inflação do Brasil. Agora, o horizonte relevante para a meta é de seis trimestres à frente, ou seja, até o primeiro trimestre de 2026. As projeções de inflação (IPCA) são de 3,4% no cenário base e de 3,2% no cenário alternativo, ambos com a Selic mantida em 10,5%.

Se considerarmos um horizonte mais longo, até o final de 2025, esses números seriam mais altos, chegando a 3,6%. Isso mostra um movimento natural de ajuste das expectativas de inflação, levando em conta um período mais longo para a convergência à meta.

Novo Cenário de Riscos

O Copom também destacou uma mudança no cenário de riscos, que antes era considerado simétrico. Agora, foi identificado um novo risco altista para a inflação, relacionado à combinação das políticas econômicas externas e internas. Em particular, um câmbio mais depreciado pode afetar a dinâmica inflacionária. Considerando o histórico recente, talvez isso já devesse ser tratado como um cenário base, dado o contexto de um cenário desinflacionário pior no curto prazo.

O novo balanço de riscos indica que uma nova alta de juros precisa ser considerada. Esse realmente é um momento desafiador para o Banco Central do Brasil, especialmente com o cenário internacional trazendo algum alívio, mas o cenário doméstico exigindo muito cuidado. Questões fiscais, expectativas desancoradas, a moeda depreciada e a atividade econômica aquecida são todos fatores que requerem atenção.

Decisões no Japão e Cenário Global

Para complicar ainda mais o cenário global, o Banco do Japão elevou os juros pela segunda vez em cinco meses e reduziu as compras de títulos do governo. O presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, afirmou que, se necessário, seguirá subindo os juros e que 0,5% não é um teto. Eles confirmaram uma intervenção de quase 37 bilhões de dólares para fortalecer o iene.

Além disso, há incertezas eleitorais nos Estados Unidos e uma maior tensão geopolítica no Oriente Médio, complicando ainda mais o cenário global. Esses fatores externos têm um impacto significativo nas decisões de política monetária dos bancos centrais ao redor do mundo.

Perspectivas para a Economia Brasileira

Olhando para o futuro, a grande preocupação é até que ponto essa postura mais dovish do Banco Central brasileiro não se mostra leniente demais. A expectativa é que a Selic se mantenha em 10,5% em 2024, começando a cair no segundo semestre do ano que vem, para fechar o ano em 9,75%. No entanto, essa previsão depende de uma série de fatores, incluindo a evolução da inflação, a dinâmica do câmbio e o cenário fiscal.

Conclusão

A Super Quarta trouxe importantes decisões de política monetária que impactaram significativamente os mercados globais. Nos Estados Unidos, o Fed manteve os juros inalterados, mas sinalizou a possibilidade de cortes futuros, dependendo dos dados econômicos. No Brasil, o Banco Central também manteve a taxa Selic, mas destacou novos riscos altistas para a inflação. Além disso, o cenário internacional, com o aumento dos juros no Japão e incertezas geopolíticas, adiciona mais complexidade ao cenário econômico.

Para investidores e analistas, o desafio agora é monitorar de perto os dados econômicos e as decisões dos bancos centrais, ajustando suas expectativas e estratégias conforme as novas informações forem divulgadas. A comunicação clara dos bancos centrais e a capacidade de resposta às mudanças econômicas serão cruciais para navegar esse ambiente desafiador.

Encerramos o Mercados em Foco edição 01/08/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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