Mercados em Foco edição 23/09/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. A terceira semana de setembro foi marcada por importantes decisões de política monetária nos principais mercados globais, com destaque para as ações do Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos e do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil. Esses eventos trouxeram volatilidade aos mercados e geraram novas perspectivas sobre o futuro da economia global, especialmente no que tange ao controle da inflação e ao crescimento econômico. Mercados em Foco edição 23/09/2024.

Ação do Federal Reserve

O Federal Reserve deu um passo decisivo ao iniciar um ciclo mais agressivo de cortes de juros, reduzindo as taxas em 0,50%, o que levou o intervalo dos Fed Funds para entre 4,75% e 5%. A decisão sinalizou que o Fed está confortável com o progresso no combate à inflação, ao mesmo tempo em que reconhece a desaceleração do mercado de trabalho.

O presidente do Fed, Jeremy Powell, destacou que a economia dos EUA caminha para um “pouso suave”, em que a inflação converge para a meta sem causar grandes impactos no crescimento do PIB ou no aumento do desemprego. Esse cenário ideal se reflete nas projeções do Fed, que preveem mais dois cortes de 0,25% até o fim de 2024, além de uma redução adicional de 1% em 2025.

Essas decisões trouxeram um otimismo generalizado ao mercado acionário americano. A expectativa de juros menores, combinada com crescimento econômico estável, favoreceu o apetite por risco. No entanto, o dólar se desvalorizou em relação a outras moedas, aliviando parte das pressões sobre as commodities, que haviam enfrentado altas nos meses anteriores devido à força da moeda americana.

Efeitos nos Mercados Globais

Com a decisão do Fed, o mercado global reagiu de forma mista. Nos EUA, as bolsas de valores encerraram a semana em alta, impulsionadas pela perspectiva de uma política monetária mais acomodatícia. O índice S&P 500, por exemplo, avançou 2,5% na semana, refletindo o otimismo dos investidores com um cenário de crescimento moderado e inflação controlada.

Já as moedas emergentes, como o real brasileiro, se beneficiaram da queda do dólar. O real chegou a romper a barreira de R$5,40 por dólar, mas fechou a semana em R$5,52, influenciado pelo risco fiscal doméstico. O mercado de commodities também apresentou uma leve queda nos preços, aliviando a pressão sobre países exportadores e consumidores de insumos como petróleo e metais.

Aumento da Selic no Brasil

No Brasil, o Copom tomou uma direção oposta ao Fed, elevando a taxa básica de juros (Selic) em 0,25%, para 10,75% ao ano. Essa decisão reflete a necessidade de combater pressões inflacionárias internas, que persistem apesar de uma desaceleração no ritmo de alta dos preços. O Banco Central destacou a resiliência da atividade econômica e a desancoragem das expectativas de inflação como fatores determinantes para a elevação da Selic.

O comunicado do Copom deixou claro que, se a inflação continuar a surpreender para cima, novas altas nos juros podem ocorrer nas próximas reuniões. Atualmente, o mercado projeta aumentos de 0,50% nas próximas reuniões, o que elevaria a Selic para 11,75% até o final do ano.

Essa postura mais rígida impactou o mercado de renda fixa no Brasil, com os juros futuros de curto prazo subindo de forma acentuada. No entanto, o impacto sobre a bolsa de valores foi negativo, com o Ibovespa descolando das altas no exterior e registrando quedas. A alta dos juros no Brasil, por outro lado, ajudou a valorizar o real temporariamente, mas o risco fiscal limitou maiores ganhos.

Agenda Econômica dos EUA

A agenda econômica para a próxima semana nos EUA traz eventos relevantes, como a divulgação do deflator do PCI de agosto, previsto para sexta-feira. O deflator do PCI é a medida favorita do Fed para monitorar a inflação, sendo considerado um indicador crucial para futuras decisões de política monetária.

A expectativa do mercado é que o deflator do PCI mostre uma alta de 0,1% no índice geral e de 0,2% no núcleo. Se confirmados, esses números devem refletir uma leve alta anual, devido ao efeito base e ao crescimento dos salários. A variação anual do PCI deve atingir 2,3% no índice geral e 2,7% no núcleo.

Outro ponto importante será o discurso de Jeremy Powell, marcado para quinta-feira. O mercado espera que Powell forneça mais clareza sobre o futuro da política monetária nos EUA, em meio às expectativas de novos cortes de juros ainda em 2024.

Perspectivas no Brasil

No Brasil, a agenda econômica também será movimentada. Amanhã, o Banco Central publicará a ata da última reunião do Copom, fornecendo mais detalhes sobre a decisão de elevar a Selic para 10,75%. O mercado espera que a ata traga pistas sobre os próximos passos da política monetária no Brasil, especialmente em relação às futuras elevações da Selic.

Na quinta-feira, o Banco Central divulgará o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), documento que atualiza as projeções para a economia brasileira e oferece um panorama sobre a inflação e as perspectivas de crescimento. O RTI também deve trazer as novas projeções para o IPCA de 2026, ano que se torna o novo horizonte relevante para a política monetária.

Além disso, serão divulgados dados importantes sobre o IPCA-15 de setembro e o mercado de trabalho de agosto. A expectativa é que o IPCA-15 registre alta de 0,31%, impulsionado principalmente pelo aumento nos preços livres, especialmente alimentos e serviços. No entanto, os preços administrados devem desacelerar, devido à queda nos preços da gasolina e à manutenção das tarifas de energia.

No mercado de trabalho, espera-se que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostre a criação líquida de 220 mil vagas em agosto. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) deve indicar uma taxa de desemprego estável em 6,8%, reforçando o cenário de pleno emprego no Brasil.

Contas Externas e Crédito no Brasil

Outros dados relevantes para a economia brasileira incluem a divulgação das contas externas e dos dados de crédito referentes a agosto. A balança comercial deve mostrar um superávit saudável, embora insuficiente para cobrir o déficit em conta corrente. No mercado de crédito, a expectativa é de aceleração nas concessões de crédito livre, impulsionadas pela demanda do setor privado.

O Tesouro Nacional também divulgará o resultado primário de agosto, com a expectativa de um déficit de R$ 20 bilhões. Apesar do crescimento da arrecadação, o aumento das despesas deve pressionar as contas públicas, alimentando o debate sobre a sustentabilidade fiscal.

Considerações

A terceira semana de setembro trouxe mudanças significativas nas políticas monetárias globais. O Fed deu início a um ciclo de cortes de juros, reforçando o cenário de desaceleração inflacionária e crescimento moderado nos EUA. Enquanto isso, o Brasil seguiu um caminho mais rígido, elevando a Selic para combater a inflação. As reações dos mercados globais e locais foram mistas, refletindo as diferentes condições econômicas de cada país.

A semana que se inicia promete ser igualmente movimentada, com indicadores cruciais como o deflator do PCI nos EUA e a ata do Copom no Brasil. Esses eventos trarão novas pistas sobre os rumos da economia global, mantendo os investidores atentos às próximas decisões dos bancos centrais.

Encerramos o Mercados em Foco edição 23/09/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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