No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Nesta semana de agenda econômica esvaziada, os investidores começaram a ajustar suas expectativas, principalmente em relação às decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil. As incertezas em torno dos próximos passos do Federal Reserve (Fed) e do Comitê de Política Monetária (Copom) mantêm os mercados em alerta, gerando reações variadas em ativos financeiros. Mercados em Foco edição 17/09/2024.
Nos Estados Unidos, o foco se concentra na possibilidade de cortes na taxa de juros. Recentemente, três senadores democratas enviaram uma carta ao presidente do Fed, Jerome Powell, pedindo que o banco central inicie uma redução mais agressiva de pelo menos 75 pontos-base. O pedido vem em meio a sinais de desaceleração dos preços e preocupações crescentes com o esfriamento do mercado de trabalho.
Os senadores argumentam que o Fed pode estar “atrás da curva” ao ser excessivamente cauteloso, o que poderia levar a economia americana a uma recessão. Embora um corte de 75 pontos-base esteja fora do radar para muitos analistas, o pedido acabou fortalecendo a expectativa de uma redução de 50 pontos-base.
De acordo com o CME Group, que monitora as probabilidades de mudanças nas taxas de juros, a chance de um corte de 50 pontos-base subiu para cerca de 65%. Essa oscilação nas apostas não é novidade. Nas últimas semanas, a volatilidade em torno da decisão de setembro aumentou, em parte pela falta de clareza na comunicação do Fed. A ausência de um caminho bem definido gera incertezas sobre os próximos passos.
Ontem, essas expectativas influenciaram diretamente os mercados. Os títulos do Tesouro americano (Treasuries) caíram, enquanto o dólar perdeu força diante de várias moedas estrangeiras. Essa desvalorização do dólar se alinha à perspectiva de corte nas taxas de juros, o que torna a moeda menos atraente para investidores.
Bolsas Americanas: Movimentos Mistos
As bolsas de valores americanas tiveram um desempenho variado na segunda-feira. O Dow Jones se destacou, subindo mais de 0,5% e quebrando um novo recorde de fechamento. Esse movimento positivo foi impulsionado pelo otimismo em torno da possibilidade de cortes nas taxas de juros, o que poderia beneficiar o crescimento econômico e as empresas listadas no índice.
Por outro lado, o Nasdaq, mais focado em tecnologia, registrou uma queda de quase 0,5%, em uma reação oposta ao Dow Jones. Esse recuo pode estar ligado ao desempenho recente das empresas de tecnologia, que enfrentam um cenário mais desafiador com a desaceleração econômica global. O S&P 500, por sua vez, teve um desempenho estável, mas ligeiramente positivo, refletindo a mistura de forças no mercado.
Expectativas no Brasil: Copom e Inflação
Enquanto os Estados Unidos aguardam as decisões do Fed, no Brasil, os olhos estão voltados para o Copom, que se prepara para a próxima reunião. O boletim Focus, divulgado ontem, trouxe mais uma rodada de piora nas expectativas inflacionárias, o que aumenta as preocupações sobre a ancoragem das expectativas. Essa falta de controle inflacionário continua sendo um dos maiores desafios da economia brasileira no momento.
Além disso, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, de autorizar o governo a utilizar créditos fora da meta fiscal para combater queimadas elevou as taxas dos contratos de juros futuros (DIs). O aumento das taxas reflete a preocupação dos investidores com o impacto fiscal de medidas adicionais, especialmente em um cenário de descontrole inflacionário.
No câmbio, o real mostrou uma performance sólida no início da semana. A perspectiva de um aumento no diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos fortaleceu o “carry trade”, uma estratégia na qual investidores tomam empréstimos em moedas de baixa taxa de juros e investem em ativos de moedas de alta taxa, como o real. Como resultado, o real valorizou mais de 1%, fechando o dia em R$ 5,51, o menor nível das últimas três semanas.
Bolsa Brasileira e Petróleo
No mercado acionário brasileiro, o Ibovespa também registrou uma leve alta, mas o volume financeiro ficou bem abaixo da média recente. A elevação da recomendação da Petrobras por parte de algumas instituições financeiras impulsionou as ações da petrolífera, que subiram cerca de 1%, ajudando a puxar o índice para o campo positivo.
Além disso, o preço do petróleo no mercado internacional ajudou a impulsionar as ações ligadas ao setor. As cotações da commodity fecharam em alta, influenciadas pela expectativa de cortes na taxa de juros dos Estados Unidos e pela interrupção de parte da produção no Golfo do México. A alta dos preços do petróleo beneficia diretamente a Petrobras, uma das maiores empresas do setor no Brasil.
Por outro lado, as preocupações com a desaceleração da demanda global, principalmente na China, continuam a pressionar o mercado. O país asiático, o maior importador de petróleo do mundo, divulgou no fim de semana dados econômicos fracos, incluindo o maior período de desaceleração industrial desde 2021 e investimentos abaixo do esperado. Esse cenário pode limitar o potencial de alta das cotações do petróleo no curto prazo.
O que Esperar Hoje?
Para hoje, a agenda econômica permanece modesta, mas traz alguns indicadores relevantes. Nos Estados Unidos, os dados de produção industrial e vendas no varejo de agosto devem chamar a atenção dos investidores. Após sucessivas altas, com forte avanço em julho, espera-se que o comércio mostre um leve recuo na margem, refletindo uma possível desaceleração da economia.
Por outro lado, a produção industrial, que vem mostrando resultados mais modestos, pode apresentar um leve avanço em agosto, sinalizando uma recuperação gradual do setor. Esses dados serão fundamentais para ajustar as expectativas do mercado em relação às próximas decisões do Fed.
No Brasil, os investidores continuam atentos às expectativas inflacionárias e às discussões em torno da política fiscal. Qualquer sinal de descontrole nas contas públicas pode pressionar ainda mais as taxas de juros e o câmbio.
Considerações
Em resumo, o cenário econômico global segue dominado pela expectativa em torno das decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil. Nos próximos dias, os investidores continuarão monitorando de perto os dados econômicos e as sinalizações dos bancos centrais. Além disso, as incertezas sobre o ritmo dos cortes nas taxas de juros nos EUA e a condução da política monetária no Brasil mantêm os mercados voláteis. A comunicação clara e assertiva será fundamental para evitar novas oscilações e garantir a estabilidade econômica no médio prazo.
Encerramos o Mercados em Foco edição 17/09/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.