Mercados em Foco edição 16/09/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Na última semana, o mercado intensificou as apostas em cortes mais acentuados nas taxas de juros pelo Federal Reserve (FED). A previsão mais recente indica que a taxa de juros pode alcançar aproximadamente 3% no próximo ano. Na semana anterior, a expectativa estava perto de 3,25%, mostrando um otimismo crescente em relação a políticas monetárias mais flexíveis. Mercados em Foco edição 16/09/2024.

Impactos nos Mercados Globais

Essa perspectiva de cortes maiores nos juros impactou positivamente as bolsas globais. O dólar sofreu uma leve desvalorização, enquanto as commodities, que vinham em queda, apresentaram sinais de recuperação. Essa movimentação reflete um alívio nas preocupações com o aperto monetário agressivo e um possível retorno a políticas mais expansionistas, favorecendo ativos de risco.

Inflação nos EUA: Agosto em Destaque

A inflação de agosto nos Estados Unidos, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (CPI), foi um dos principais eventos da agenda econômica internacional. Embora o resultado tenha mostrado uma desaceleração, a análise qualitativa trouxe preocupações. A composição dos preços foi pior do que o esperado, o que indica que ainda há desafios para alcançar a meta de 2% ao ano.

A política monetária americana, atualmente, está mais focada no mercado de trabalho do que na inflação. Essa piora na composição dos preços, embora preocupante, não altera drasticamente o cenário. No entanto, diretores mais conservadores podem adotar uma postura cautelosa em suas decisões futuras.

Zona do Euro: Corte de Juros pelo BCE

Na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu cortar a taxa de juros em 25 pontos-base, para 3,5%. Essa decisão reflete as dificuldades enfrentadas pela economia europeia para conter a pressão inflacionária e lidar com os desafios de crescimento.

A mensagem passada pelo BCE foi dura, com indicações de que o processo de cortes pode continuar. A pressão salarial elevada e a convergência lenta da inflação em direção à meta justificam essa postura. Provavelmente, a narrativa de cortes contínuos nos juros ganhará força nos próximos meses.

Brasil: Atividade Econômica e Desafios Fiscais

No Brasil, os dados de julho mostraram uma atividade econômica mais forte do que o esperado, com destaque para o setor de serviços. Essa recuperação da economia ocorreu ao mesmo tempo em que o IPCA de agosto veio abaixo das expectativas, trazendo alívio.

Apesar dessa melhora, o cenário inflacionário ainda enfrenta desafios estruturais e climáticos. Existe a possibilidade de a inflação estourar o teto da meta neste ano, o que limita o otimismo. Além disso, a atividade econômica aquecida e as incertezas no campo fiscal pressionaram as taxas de juros, que subiram em resposta.

Ibovespa e Real: Valorização Moderada

Mesmo com a recuperação global, o Ibovespa e o Real se valorizaram apenas de forma moderada. O cenário internacional favorável impulsionou esses ativos, mas a valorização foi contida por incertezas internas, como os riscos fiscais e o cenário inflacionário.

Expectativas para a Super Quarta

A grande expectativa para esta semana recai sobre a “Super Quarta”, quando os bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil decidirão suas políticas monetárias. No caso do FED, espera-se que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) inicie um ciclo de cortes com uma redução de 25 pontos-base, levando a taxa para um intervalo entre 5% e 5,25%.

A economia americana tem mostrado resiliência, com indicadores de emprego e renda sugerindo um “pouso suave”, sem sinais iminentes de recessão. Além disso, o mercado estará atento às atualizações das projeções trimestrais do FED, principalmente o gráfico de pontos, que mostra o caminho esperado para as taxas de juros no futuro.

Após a reunião, o presidente do FED, Jerome Powell, concederá uma entrevista, na qual deverá esclarecer as próximas etapas da política monetária americana.

Brasil: Aumento da Selic em Perspectiva

No Brasil, o cenário é diferente. Espera-se que o Banco Central aumente a taxa Selic em 25 pontos-base, para 10,75%. Embora o cenário externo tenha se tornado menos adverso, as incertezas domésticas ainda persistem.

O balanço de riscos no Brasil permanece assimetricamente autista. A inflação corrente piorou, as expectativas seguem desanimadoras, o hiato do produto está mais apertado, e o risco fiscal aumentou. Diante desse contexto, a projeção base do mercado é de que a Selic encerre o ano em 11,25%, com novos aumentos ao longo dos próximos meses.

Para a primeira reunião de 2025, espera-se mais um aumento de 25 pontos-base, levando a Selic para 11,5%. A partir do segundo semestre do próximo ano, pode-se iniciar um ciclo de cortes, com a taxa encerrando o ano em 10,5%.

Bancos Centrais da Inglaterra, Japão e China

Na quinta e na sexta-feira, outros bancos centrais importantes também divulgarão suas decisões sobre taxas de juros, incluindo Inglaterra, Japão e China. Embora cada país esteja em fases diferentes de seus ciclos monetários, todos devem manter as taxas inalteradas.

Na Inglaterra, a inflação em queda nos últimos meses levantou a possibilidade de cortes de juros. No entanto, o consenso é que as taxas devem permanecer em 5%, embora a decisão não deva ser unânime.

Japão: Política Monetária Ameaça o Real

No Japão, a política monetária segue com viés de alta. O risco de desmontagem das operações de carry trade pode desvalorizar o Real, especialmente se a economia japonesa continuar se fortalecendo. No entanto, os juros devem permanecer estáveis em 0,25% por enquanto.

China: Flexibilização Monetária à Vista

Na China, o cenário é de flexibilização monetária. A economia chinesa enfrenta um enfraquecimento da demanda doméstica e pressões deflacionárias, o que deve levar o Banco Popular da China a adotar medidas de estímulo. Apesar da pressão, o banco central chinês indicou que ainda não é o momento para cortes.

A flexibilização monetária na China pode aumentar a liquidez, estimular o crédito e impulsionar a economia. Entretanto, os desafios econômicos do país permanecem significativos, com margens de lucro mais apertadas e uma atividade econômica fraca. Como a China é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, esses desafios podem ter implicações negativas para nossa economia.

Considerações

A semana será decisiva para os mercados globais, com a política monetária dos principais bancos centrais no centro das atenções. Nos Estados Unidos, o mercado espera por cortes de juros pelo FED, enquanto no Brasil, a expectativa é de novos aumentos na Selic. Esses movimentos devem continuar influenciando o comportamento dos ativos globais e domésticos, com impactos diretos nas taxas de câmbio, inflação e crescimento econômico.

Encerramos o Mercados em Foco edição 16/09/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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