Mercados em Foco edição 13/09/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Nas últimas semanas, os mercados globais têm mostrado oscilações consideráveis, impulsionadas por dados econômicos importantes nos Estados Unidos e na zona do euro. Esses dados são cruciais, pois podem influenciar as próximas decisões das principais autoridades monetárias, como o Federal Reserve (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE). A análise dos indicadores recentes oferece uma visão sobre a evolução da inflação, das políticas fiscais e seus impactos nos mercados de câmbio, ações e commodities. Mercados em Foco edição 13/09/2024.

Estados Unidos: Inflação, PPI e Expectativas para o Fed

Nos Estados Unidos, a inflação continua sendo um tema de destaque. Ela está em desaceleração, o que foi interpretado como um sinal positivo para o mercado. No entanto, o último dado de inflação antes da reunião do Fed trouxe uma leitura mais cautelosa, com o Índice de Preços ao Produtor (PPI) mostrando uma revisão para baixo em julho.

Na margem, o PPI apresentou uma leve alta de 0,1%, acima do esperado, o que gerou preocupações. Apesar disso, no acumulado anual, os números ficaram próximos da neutralidade, com o PPI geral em 1,7% e o núcleo em 2,4%. Isso demonstra que a pressão inflacionária não está fora de controle, mas ainda merece atenção.

O maior ponto de preocupação veio da análise qualitativa. O setor de serviços voltou a registrar alta, e, se não fosse a queda nos preços da energia e dos transportes, a composição da inflação teria sido mais desfavorável. Mesmo assim, a tendência geral segue positiva.

Nos últimos três meses, a média anualizada das principais métricas de inflação tem se mostrado alinhada com a meta de 2% estabelecida pelo Fed. Quando convertidos para o Índice de Preços para Despesas de Consumo Pessoal (PCE), a medida preferida pelo Fed, os dados confirmam, pela quarta vez consecutiva, que a inflação está em linha com os objetivos de longo prazo.

Ainda que o foco principal do Fed esteja no mercado de trabalho, o duplo mandato da instituição — manter a estabilidade dos preços e promover o pleno emprego — sugere que o corte gradual das taxas de juros pode ser uma realidade nos próximos meses. No entanto, o cenário fiscal é uma fonte de risco. Em agosto, o déficit dos EUA atingiu US$ 380 bilhões, um número elevado que pode dificultar a convergência inflacionária esperada pelo mercado.

Zona do Euro: BCE e Inflação

Na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou um novo corte de 25 pontos base nas taxas de juros, conforme esperado. Agora, a taxa de referência está em 3,5%. Embora a decisão tenha sido bem recebida pelos mercados, o BCE deixou em aberto a possibilidade de novos ajustes, dependendo dos próximos dados econômicos.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, destacou que a inflação na região ainda não está em um nível satisfatório. Os salários permanecem elevados e há riscos climáticos e geopolíticos que podem pressionar a economia europeia. Em termos de projeções, o mercado esperava revisões para baixo, tanto na inflação quanto no Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, enquanto a revisão da atividade foi pequena, a inflação não cedeu como esperado, o que resultou em uma sinalização mais dura por parte do BCE.

A resposta dos mercados a esses desenvolvimentos foi mista. Os rendimentos dos Treasuries subiram, assim como as bolsas de valores, mas o dólar perdeu valor em relação à maioria das moedas. Esse movimento pode ser explicado pela expectativa de que o BCE adote uma postura mais agressiva no combate à inflação, enquanto o Fed sinaliza cortes graduais de juros.

Impactos no Brasil: Real, Ibovespa e Expectativas Fiscais

O Brasil foi um dos beneficiados pelo recente enfraquecimento do dólar e pela alta das commodities, o que contribuiu para a recuperação do real. Nossa moeda fechou a semana com uma valorização superior a 0,5% em relação ao dólar, cotada a R$ 5,62. No entanto, o desempenho poderia ter sido ainda melhor, não fosse a deterioração das expectativas fiscais.

O cenário fiscal no Brasil continua incerto. Embora o Congresso tenha finalmente aprovado o projeto de desoneração de impostos, as declarações recentes do presidente Lula sobre a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil causaram apreensão no mercado. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou tranquilizar os investidores, afirmando que o projeto está bem encaminhado. Além disso, foi anunciada a concessão de um auxílio emergencial para pescadores, em resposta à seca que afeta algumas regiões do país.

Na agenda econômica, o comércio ampliado de julho veio mais forte que o esperado, o que, por um lado, reforça a perspectiva de crescimento, mas, por outro, aumenta as preocupações sobre pressões inflacionárias. Esse dado confirma a chegada do segundo semestre com mais força do que o mercado antecipava, sugerindo que a atividade econômica no Brasil pode continuar surpreendendo positivamente.

Desempenho dos Mercados: DI’s e Ibovespa

Os juros futuros (DI’s) subiram de forma expressiva, refletindo o aumento das expectativas de inflação e as incertezas fiscais. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, teve um desempenho descolado do bom humor internacional. O índice caiu quase 0,5%, aproximando-se dos 134 mil pontos. Apesar do cenário internacional mais favorável, os riscos fiscais domésticos continuam pesando sobre o desempenho dos ativos brasileiros.

Expectativas para os Próximos Dias

O destaque da agenda econômica desta sexta-feira é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) de julho. A expectativa é de que os avanços nos setores de serviços e mercado de trabalho, juntamente com a leve alta no comércio, compensem a retração na indústria. A projeção para o IBC-BR é de uma queda de 0,2%, o que devolveria parte do ganho expressivo registrado no mês anterior.

Com isso, o cenário econômico global e nacional continua em transformação. As decisões dos bancos centrais, aliadas aos desafios fiscais, devem continuar moldando o comportamento dos mercados nas próximas semanas. O foco se mantém no combate à inflação, enquanto os investidores aguardam os próximos movimentos das autoridades monetárias e fiscais.

Considerações

O ambiente econômico global está em constante mudança, com dados de inflação, decisões fiscais e ajustes nas políticas monetárias influenciando os mercados de maneira significativa. Nos EUA, o Fed tem a responsabilidade de equilibrar o mercado de trabalho e a inflação, enquanto o BCE lida com uma inflação persistentemente alta. No Brasil, o real tem se beneficiado da alta das commodities, mas as incertezas fiscais continuam a impactar o desempenho dos mercados locais.

Os próximos dias serão fundamentais para entender como esses fatores irão evoluir e influenciar as expectativas do mercado. O cenário permanece incerto, mas a análise dos dados atuais sugere um caminho de ajustes graduais, tanto nos EUA quanto na Europa.

Encerramos o Mercados em Foco edição 13/09/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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