Mercados em Foco edição 27/08/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. O Ibovespa surpreendeu novamente, registrando mais um recorde de fechamento, atingindo quase 137 mil pontos, com uma alta de quase 1%. Esse avanço foi liderado principalmente pelas commodities, especialmente o petróleo. A valorização do petróleo foi impulsionada por conflitos no Oriente Médio e pela interrupção da produção na Líbia, um fator decisivo para a alta. Mercados em Foco edição 27/08/2024.

Impacto do Petróleo e Conflitos no Oriente Médio

O petróleo disparou após o governo do leste da Líbia ordenar a suspensão de toda a produção e exportação. Essa decisão foi consequência de um novo impasse entre dois grupos rivais, que disputam o poder no país. O conflito geopolítico na região tem se intensificado, especialmente na Faixa de Gaza, onde um acordo parece cada vez mais distante.

No Líbano, o cenário também é tenso, com o conflito entre Hezbollah e Israel em escalada. Israel, inclusive, decretou estado de emergência e enfrenta a ameaça de retaliação do Irã. Apesar disso, o Pentágono afirmou que um ataque iraniano não é iminente. Paralelamente, a Rússia retomou ataques intensos contra a Ucrânia, elevando a tensão global.

Esses eventos trágicos impactaram diretamente o mercado, especialmente as ações da Petrobrás, que lideraram as altas no Ibovespa, com uma valorização superior a 7%. A elevação da recomendação do Morgan Stanley, de neutra para compra, deu um impulso extra às ações da empresa.

Vale e o Estímulo Chinês

Além da Petrobrás, a Vale também contribuiu para a alta do Ibovespa. Apesar de o Banco Central da China ter mantido as taxas de empréstimo de um ano e de recompra de sete dias estáveis, a injeção de quase 800 bilhões de yuans foi vista como um estímulo significativo para a economia chinesa. Como maior consumidor de minério de ferro, a China viu a commodity subir consideravelmente.

Para o Brasil, esse cenário tem relevância maior, uma vez que somos um dos principais exportadores de minério de ferro para a China. No entanto, a tendência doméstica ainda é pessimista.

O Papel de Gabriel Galípolo no Banco Central

No cenário interno, os holofotes se voltaram para Gabriel Galípolo, diretor do Banco Central, que em evento em Teresina, adotou um tom mais ameno. Ele evitou discutir uma possível alta da Selic, enfatizando que o Banco Central se guiará pelos dados econômicos para determinar a política monetária. Após o evento, Galípolo retornou a Brasília a pedido do presidente Lula, gerando especulações sobre sua possível indicação à presidência do Banco Central.

Essa decisão deve ser tomada em breve, mas ainda precisa da aprovação do Senado. A pressão para que a indicação ocorra nesta semana é grande, para que Galípolo possa ser sabatinado antes das eleições municipais. Caso contrário, a sabatina e aprovação ficariam para novembro. Além disso, há discussões sobre quem ocupará a cadeira atual de Galípolo, um cargo relevante que comanda as mesas de operação.

Mercado Interno e Expectativas para o IPCA-15

A agenda da semana começou de forma modesta, com a moeda brasileira e os juros futuros fechando praticamente de lado. No cenário externo, a tranquilidade também prevaleceu, com membros do FED reforçando suas posições recentes. A grande novidade foi o avanço das encomendas de bens duráveis de julho nos Estados Unidos, que subiram quase 10% na comparação mensal, o dobro do esperado. Esse dado reforça a resiliência da economia norte-americana.

Com isso, os juros americanos subiram, mas o dólar e as bolsas permaneceram estáveis. No Brasil, a expectativa está voltada para o IPCA-15 de agosto, que deve registrar uma alta de 0,23%, acima da média do mercado. Apesar disso, espera-se uma desaceleração na comparação mensal, impulsionada pela deflação nos preços de alimentos, passagens aéreas e energia elétrica.

Entretanto, os bens administrados, especialmente os combustíveis, continuam pressionando a inflação. Mesmo com um índice headline mais baixo, o cenário qualitativo aponta que o melhor momento desinflacionário do Brasil ficou para trás. A tendência para o restante do ano é preocupante, com desafios à frente para a política monetária.

Considerações

O Ibovespa segue surpreendendo positivamente, impulsionado pelas commodities e pelo cenário geopolítico global. As tensões no Oriente Médio e a interrupção da produção de petróleo na Líbia foram determinantes para a alta das ações da Petrobrás. A Vale também contribuiu, beneficiada pelo estímulo econômico da China.

No cenário doméstico, a possível indicação de Gabriel Galípolo à presidência do Banco Central é um ponto de atenção. A política monetária brasileira deve continuar a ser guiada pelos dados econômicos, com desafios à frente, especialmente no controle da inflação. O mercado financeiro global mostra resiliência, mas a incerteza permanece, exigindo cautela por parte dos investidores.

Este contexto reforça a importância de monitorar de perto os desdobramentos econômicos e geopolíticos, tanto no Brasil quanto no exterior. O desempenho do Ibovespa nos próximos meses dependerá de como esses fatores evoluirão, e da capacidade do governo brasileiro em gerir a economia em um ambiente desafiador.

Encerramos o Mercados em Foco edição 27/08/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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