Mercados em Foco edição 26/08/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. A semana passada trouxe sinais claros de que o Federal Reserve (FED) está prestes a flexibilizar sua política monetária. A ata da última reunião e, principalmente, o discurso do presidente Jeremy Powell reforçaram as expectativas de que um corte nas taxas de juros pode ocorrer já na próxima reunião, marcada para setembro. A mensagem central foi a de que o FED está mudando suas prioridades. Com os riscos de inflação diminuindo e as preocupações com o emprego aumentando, a atenção agora se volta para a deterioração do mercado de trabalho. Mercados em Foco edição 26/08/2024.

Powell e o Mercado de Trabalho: Mudança de Foco

Powell deixou claro que não deseja um esfriamento adicional no mercado de trabalho. No entanto, ele ressaltou que as decisões futuras dependerão dos dados econômicos. O relatório de emprego de agosto, que será divulgado na próxima sexta-feira, é crucial para definir o caminho da política monetária. Esse dado pode ser determinante para o início do ciclo de queda dos juros nos Estados Unidos. Essa mudança no foco do FED reflete uma preocupação crescente com o aumento do desemprego, o que pode desencadear um ciclo prolongado de cortes nas taxas de juros.

Expectativas de Corte de Juros e Seus Efeitos

Com a provável flexibilização monetária nos Estados Unidos, a expectativa é de que outros bancos centrais sigam o exemplo. Os mercados já começaram a reagir. Os títulos do Tesouro dos EUA (treasuries) mantiveram-se estáveis nos prazos mais curtos, mas recuaram nos prazos mais longos, antecipando cortes futuros. A perspectiva de uma política monetária mais frouxa levou a uma recuperação acelerada dos ativos de risco na última semana.

As principais bolsas globais registraram valorização, o dólar se depreciou, e as commodities avançaram, com exceção do petróleo. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, acompanhou esse movimento positivo, impulsionado pela redução do risco Brasil e pelo cenário externo favorável. O índice quebrou recordes de fechamento, com o intraday superando a marca dos 137 mil pontos. A tendência otimista se mantém, refletindo a confiança dos investidores.

Banco Central Brasileiro: Discursos e Reação do Mercado

No Brasil, a atenção se voltou para os discursos dos membros do Banco Central, especialmente Gabriel Galípolo. Embora o tom oficial tenha se mantido duro em relação à inflação, os mercados interpretaram as falas como um sinal de maior flexibilidade. Essa interpretação gerou dúvidas sobre a determinação do Banco Central em continuar elevando os juros. Como resultado, os Depósitos Interfinanceiros (DI) subiram, e o real se desvalorizou. A próxima reunião do COPOM deve trazer um aumento de 0,25% na taxa Selic, conforme precificado pelo mercado.

Agenda Econômica da Semana: Inflação e Consumo nos EUA

A agenda econômica desta semana está movimentada, com destaque para os dados dos Estados Unidos. Na sexta-feira, serão divulgados a inflação do PCI (Índice de Preços para Gastos com Consumo Pessoal) e os gastos das famílias em junho. Os dados do varejo continuam sinalizando uma demanda forte dos consumidores por bens essenciais. O consumo, principal motor da economia americana, deve continuar resiliente. Os preços também devem mostrar expansão tanto no mês quanto na comparação anual. No entanto, o processo desinflacionário segue em curso, o que pode influenciar as próximas decisões do FED.

No cenário político, as eleições nos Estados Unidos continuam em foco. A desistência do candidato independente Robert Kennedy Jr., que passou a apoiar o ex-presidente Donald Trump, apertou ainda mais a corrida eleitoral. Esse apoio fortalece a candidatura de Trump, aumentando a incerteza política e seus possíveis impactos econômicos.

Indicadores Econômicos no Brasil: Inflação e Emprego

No Brasil, vários indicadores econômicos importantes serão divulgados nesta semana. No front inflacionário, a expectativa para o IPCA-15 de agosto é de uma alta de 0,23%. Essa desaceleração deve-se ao bom desempenho dos preços dos alimentos no domicílio, que provavelmente mostrarão uma nova deflação. A queda nas passagens aéreas e os efeitos da bandeira verde na energia elétrica também devem contribuir para controlar a inflação. No entanto, os preços dos bens administrados continuam pressionados pelos reajustes dos combustíveis.

O mercado de trabalho brasileiro segue apresentando resultados positivos. A expectativa é de uma criação líquida de 170 mil vagas em julho, segundo o Caged. Esses números devem contribuir para a manutenção da taxa de desemprego em torno de 6,9%, com rendimentos em patamares recordes. Embora esses dados sejam positivos para a atividade econômica, eles também podem gerar pressões inflacionárias, exigindo atenção do Banco Central.

Dados Fiscais e Crédito no Brasil: Perspectivas e Desafios

O Banco Central divulgará esta semana os dados de crédito, contas externas e o resultado primário do setor público, todos referentes a julho. A expectativa é de que esses dados mostrem uma composição saudável, com um déficit menor no setor externo e no primário. A carteira de crédito deve registrar uma nova aceleração, impulsionada pelos recursos livres. No lado fiscal, a atenção se volta para a proposta de orçamento para 2025. Ainda há necessidade de medidas para aumento de receitas e controle de despesas. Essas ações são cruciais para atingir a meta de déficit zero e garantir a sustentabilidade fiscal a longo prazo.

Considerações

Em resumo, a semana promete ser agitada, com vários eventos econômicos e políticos que podem moldar as expectativas para os próximos meses. Nos Estados Unidos, a atenção estará voltada para a inflação e o relatório de emprego, que podem definir os rumos da política monetária. Além disso, no Brasil, os dados de inflação, emprego e crédito serão fundamentais para avaliar o cenário econômico. O mercado seguirá atento a cada dado e discurso, ajustando suas projeções conforme as novas informações forem reveladas. A flexibilização da política monetária nos Estados Unidos, se confirmada, poderá ter um impacto significativo nos mercados globais e influenciar as decisões de outros bancos centrais.

Encerramos o Mercados em Foco edição 26/08/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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