No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Os recentes dados econômicos dos Estados Unidos, especialmente aqueles relacionados à inflação, têm capturado a atenção dos mercados globais. Após o temor de uma possível recessão, os primeiros indicadores inflacionários surgiram como um sinal de alívio para os investidores. Em particular, o índice de preços ao produtor (PPI) mostrou um avanço moderado, o que trouxe uma onda de otimismo, mas também de cautela em relação ao futuro da política monetária. Mercados em Foco edição 14/08/2024.
Índice de Preços ao Produtor: Um Olhar Detalhado
O índice de preços ao produtor (PPI), divulgado recentemente, apontou um aumento de 0,1% em julho, surpreendendo positivamente o mercado. Esse avanço tímido foi suficiente para reduzir a taxa anual de inflação para 2,2%, o que é visto como um sinal encorajador de que o processo desinflacionário nos Estados Unidos está em curso.
Qualitativamente, a abertura dos dados foi benigna. O núcleo da inflação, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, veio melhor do que o esperado, estabilizando-se em 2,4%. Esse resultado foi amplamente interpretado como um indicativo de que a inflação subjacente está sob controle, o que diminuiu as preocupações sobre uma possível recessão de curto prazo.
Expectativas de Política Monetária: Uma Perspectiva de Corte de Juros
O bom resultado do PPI levou os investidores a considerar um cenário mais benigno para a política monetária do Federal Reserve (FED). Especulações sobre um possível corte de 50 pontos base na taxa de juros em setembro ganharam força, especialmente diante da expectativa de que os próximos dados inflacionários, como o índice de preços ao consumidor (CPI), poderiam confirmar essa tendência desinflacionária.
Esse otimismo gerou uma leve euforia nos mercados, resultando na desvalorização dos rendimentos dos Treasuries e do dólar. A demanda por ativos de risco aumentou significativamente, com as bolsas de valores de Nova York registrando fortes altas. O Dow Jones subiu mais de 1%, enquanto o índice Nasdaq avançou quase 2,5%, refletindo a confiança renovada dos investidores.
Impactos Globais e Reflexos no Brasil
O ambiente global mais favorável também teve repercussões positivas no Brasil. O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, ultrapassou os 132 mil pontos, alcançando seu patamar mais alto desde janeiro. A recuperação dos mercados internacionais e fatores domésticos que reforçam a resiliência da economia brasileira impulsionaram esse desempenho.
Os dados econômicos do Brasil têm surpreendido positivamente. O setor de serviços, por exemplo, registrou um crescimento de 1,7% em junho, com alta disseminada em todas as suas aberturas. Além disso, os dados da produção agrícola e da pecuária, revisados recentemente pelo IBGE, mostraram um desempenho robusto, com a safra anual revisada para cima e o aumento do abate de animais no segundo trimestre.
Desafios Fiscais e o Papel do Banco Central
Enquanto o mundo discute os riscos de recessão, a economia brasileira continua a mostrar sinais de aquecimento, inclusive nos indicadores de alta frequência. No entanto, esse cenário de crescimento traz consigo a necessidade de manter as taxas de juros elevadas por mais tempo, uma estratégia adotada pelo Banco Central do Brasil para conter a inflação.
O contraste entre a política monetária brasileira e a norte-americana tem resultado na valorização do real. Com o FED se aproximando de um possível corte de juros, enquanto o Banco Central do Brasil mantém uma postura mais rígida, o real valorizou-se pelo sexto dia consecutivo, fechando abaixo de R$ 5,45 em relação ao dólar. Esse movimento também reflete a credibilidade crescente da política fiscal brasileira, impulsionada pelas falas firmes dos membros do Banco Central e pela disciplina fiscal do governo.
Reformas e Movimentações no Congresso
No campo fiscal, o Brasil também tem avançado em importantes reformas. A Câmara dos Deputados aprovou o segundo projeto de regulamentação da reforma tributária, com 303 votos a favor e 142 contra. Além disso, o Congresso está discutindo a votação do PL da dívida dos estados e o texto da desoneração da folha de pagamento, questões cruciais para a sustentabilidade fiscal do país.
Essas reformas, combinadas com a estratégia de política monetária, têm sido fundamentais para fortalecer a confiança dos investidores na economia brasileira. A movimentação no Congresso, incluindo a decisão do Senado de excluir a CSLL da desoneração da folha de pagamento, é vista como um sinal positivo para a estabilidade econômica de longo prazo.
Perspectivas para os Próximos Dias
O foco agora se volta para os dados de inflação dos Estados Unidos, especificamente o índice de preços ao consumidor (CPI). Esse indicador será crucial para determinar o ritmo dos cortes de juros em setembro. A expectativa é de um aumento de 0,2% tanto no índice geral quanto no núcleo, com uma leve assimetria para baixo no índice geral e para cima no núcleo.
A depender do resultado, o FED pode ter uma sinalização mais clara sobre a trajetória de sua política monetária. Menor inflação pode reforçar as expectativas de um corte de 50 pontos base, enquanto uma inflação elevada poderia limitar o corte a 25 pontos base.
No Brasil, os dados do varejo, a serem divulgados em breve, também serão importantes. Segundo a FENABRAVE, as vendas de automóveis devem impulsionar o comércio ampliado, com uma projeção de crescimento de 1,6%. Em contrapartida, o comércio restrito, mais ligado às vendas de supermercados, deve registrar um avanço mais modesto, de 0,2%, refletindo a perda de fôlego neste segmento.
China: Sinais Mistos e Preocupações com o Setor Imobiliário
No cenário internacional, os dados econômicos da China também merecem atenção. A demanda por serviços e bens duráveis deve sustentar as vendas no varejo no gigante asiático, mas a indústria continua a mostrar sinais de moderação. Os PMIs de manufatura vieram fracos, e as preocupações com o setor imobiliário persistem, adicionando incertezas ao cenário global.
Considerações
Os primeiros dados de inflação nos Estados Unidos após o temor de recessão vieram abaixo do esperado, o que gerou uma onda de otimismo nos mercados globais. No entanto, a cautela permanece, à medida que os investidores aguardam o índice de preços ao consumidor (CPI) para obter uma visão mais clara sobre a trajetória da política monetária.
No Brasil, a economia continua a mostrar resiliência, com o Ibovespa atingindo novos patamares e o real se valorizando. O cenário fiscal e as reformas em andamento contribuem para esse otimismo, mas a necessidade de manter as taxas de juros elevadas é um desafio.
O futuro próximo dependerá dos dados econômicos dos Estados Unidos e da China, bem como do andamento das reformas no Brasil. As próximas semanas serão decisivas para moldar o panorama econômico global e determinar as direções dos mercados financeiros.
Encerramos o Mercados em Foco edição 14/08/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.