Mercados em Foco edição 12/08/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Na segunda-feira, o mercado financeiro global enfrentou uma onda de volatilidade que elevou os temores de uma recessão iminente nos Estados Unidos. Esse cenário de incerteza provocou movimentos significativos nos mercados, desde a queda nos Treasuries até a ativação do Circuit Break na Bolsa de Tóquio. Vamos analisar os principais eventos da semana, as reações dos mercados e as perspectivas para o futuro próximo. Mercados em Foco edição 12/08/2024.

O Estopim: Temor de Recessão nos Estados Unidos

O medo de uma recessão nos Estados Unidos foi o principal catalisador da turbulência nos mercados no início da semana. A combinação de indicadores econômicos fracos e a preocupação com a desaceleração do crescimento levou os investidores a buscar proteção em ativos seguros, como os Treasuries. Isso resultou em uma queda acentuada nos rendimentos desses títulos, que se movem inversamente ao preço.

Ao mesmo tempo, a Bolsa de Tóquio enfrentou uma venda massiva de ações, levando à ativação do Circuit Break, um mecanismo que interrompe as negociações temporariamente para evitar quedas mais bruscas. Esse movimento evidenciou o grau de pânico que tomou conta dos mercados no início da semana.

Impacto nas Moedas e o Circuit Break em Tóquio

A fuga para a segurança não se limitou aos títulos do Tesouro Americano. Moedas de mercados emergentes, como o real brasileiro, se valorizaram expressivamente em relação ao dólar. O real, por exemplo, subiu mais de 3% na semana, refletindo o fluxo de capitais que deixavam os Estados Unidos em busca de alternativas consideradas menos arriscadas naquele momento.

A Bolsa de Tóquio, por sua vez, foi um dos mercados mais afetados pela volatilidade. A ativação do Circuit Break foi uma medida drástica, mas necessária para conter a queda livre das ações e evitar um colapso mais profundo. Esse evento sublinhou a gravidade da situação e a extensão do pânico que se espalhou globalmente.

A Reversão da Tendência: Dados Econômicos Trazem Alívio

Mercado de Trabalho dos EUA: Um Farol de Esperança

Com o desenrolar da semana, o cenário começou a mudar gradualmente.  O mercado de trabalho americano, crucial para a saúde da economia americana, mostrou sinais de resiliência, aliviando parte do medo inicial de uma recessão iminente.

O fato de o desemprego não estar subindo de forma alarmante levou à interpretação de que o Federal Reserve (FED) talvez não esteja tão atrasado em seu ciclo de cortes de juros quanto muitos temiam. Essa percepção ajudou a acalmar os mercados e a reverter parte das perdas iniciais.

Recuperação dos Treasuries e Reação das Bolsas

Com a melhora nos indicadores de emprego, os Treasuries, que haviam caído, voltaram a subir, indicando uma recuperação na confiança dos investidores. O mercado futuro começou a precificar um ajuste de aproximadamente 100 pontos-base até o final do ano, sugerindo uma expectativa de cortes de juros menos agressivos do que o inicialmente previsto.

As bolsas globais, inclusive as americanas, também recuperaram parte das perdas sofridas no início da semana. Nos Estados Unidos, os principais índices acionários voltaram a subir, enquanto as taxas de câmbio dos países emergentes se estabilizaram em níveis mais confortáveis.

O Cenário Brasileiro: Copom, Inflação e Desempenho Fiscal

A Atuação do Copom e a Política Monetária

No Brasil, a atenção se voltou para a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que trouxe uma análise técnica e cautelosa sobre o cenário econômico. O documento reconheceu os riscos de alta para a inflação e reafirmou que o Banco Central está preparado para elevar a taxa de juros se necessário. A expectativa para a reunião de setembro do Copom é de uma alta de pelo menos 25 pontos-base na taxa Selic. No entanto, a visão dominante ainda é de que a Selic permanecerá em 10,5% até o final do ano, refletindo um equilíbrio entre o controle da inflação e a necessidade de não sufocar a recuperação econômica.

Inflação e Política Fiscal: Sinais Mistos

O cenário inflacionário, entretanto, apresentou desafios. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho superou as expectativas, subindo 0,38% e atingindo o teto da meta estabelecida pelo Banco Central. Esse aumento foi impulsionado principalmente pelos preços de serviços e núcleos inflacionários, sugerindo que o período de alívio inflacionário já ficou para trás.

Por outro lado, a política fiscal mostrou sinais de melhora. O discurso do governo passou a enfatizar cortes de despesas, o que foi bem recebido pelo mercado. Embora ainda haja ceticismo sobre a implementação efetiva dessas medidas, a mudança de tom foi vista como um passo na direção certa.

Desempenho do Mercado: Ibovespa e Real em Alta

O mercado brasileiro respondeu positivamente aos desenvolvimentos da semana. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, subiu quase 4%, superando novamente a marca dos 130 mil pontos. A combinação de resultados corporativos acima do esperado e uma perspectiva mais clara sobre a política monetária impulsionou esse desempenho.

No mercado de câmbio, o real se valorizou expressivamente, ganhando mais de 3% em relação ao dólar. O fluxo de capital positivo e a expectativa de que o Banco Central manterá uma postura firme no combate à inflação sustentaram essa valorização.

Perspectivas para a Semana: Foco nos Dados de Inflação dos EUA

Expectativas para o CPI e PPI nos Estados Unidos

Esta semana será crucial para os mercados, com a divulgação dos dados de inflação de julho nos Estados Unidos. O índice de preços ao consumidor (CPI) é esperado para quarta-feira, com uma projeção de alta de 0,2% tanto no índice geral (headline) quanto no núcleo. Em termos anuais, espera-se que a variação seja ligeiramente menor, em torno de 3% para o índice geral e 3,3% para o núcleo.

Além do CPI, o índice de preços ao produtor (PPI) também será divulgado e terá um papel importante na definição da política monetária do FED. O PPI é um indicador que influencia diretamente o Índice de Preços de Gastos com Consumo Pessoal (PCE), a medida de inflação preferida pelo FED.

Dados de Atividade Econômica no Brasil e na China

No Brasil, os últimos dados de atividade econômica de junho serão divulgados, com expectativas de recuperação após as enchentes no Rio Grande do Sul. Nos serviços, espera-se uma alta de 0,8%, impulsionada pela normalização dos transportes, enquanto o comércio ampliado deve avançar 1,6%, puxado pelas vendas de automóveis. No entanto, o comércio restrito deve apresentar uma alta mais modesta, de 0,2%, devido à perda de fôlego nas vendas de supermercados.

Na China, a expectativa é de que as vendas no varejo continuem crescendo, apoiadas pela demanda por serviços e bens duráveis, enquanto a indústria deve moderar, mesmo com o investimento em manufatura e infraestrutura.

Considerações

O temor de recessão nos Estados Unidos desencadeou uma alta volatilidade nos mercados globais na semana que passou. No entanto, dados econômicos mais positivos, especialmente relacionados ao mercado de trabalho, trouxeram algum alívio e permitiram uma recuperação parcial. No Brasil, a resposta do mercado foi positiva, com o Ibovespa e o real registrando ganhos significativos.

Para a semana, o foco estará nos dados de inflação dos Estados Unidos, que serão determinantes para as decisões futuras do FED. Esses dados, juntamente com os indicadores de atividade econômica no Brasil e na China, fornecerão mais clareza sobre o caminho que os mercados tomarão no curto e médio prazo.

Encerramos o Mercados em Foco edição 12/08/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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