No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Ao longo da última semana, uma série de indicadores econômicos nos Estados Unidos tem causado reações variadas no mercado financeiro. Vamos explorar esses eventos em ordem cronológica, começando com os dados prévios do payroll que, ao serem divulgados, têm potencial para alterar significativamente o panorama econômico. Mercados em Foco edição 02/08/2024.
Dados Preliminares do Payroll
Os dados preliminares do payroll, que medem a criação de empregos fora do setor agrícola, vieram mais fracos do que o esperado. Embora ainda robustos, esses números indicam uma desaceleração na contratação de novos funcionários. Esse padrão foi consistente durante toda a semana.
Pedidos de Auxílio-Desemprego
Outro indicador relevante foi o aumento nos pedidos iniciais de auxílio-desemprego, atingindo o maior nível em um ano. Esse aumento sugere uma redução nas contratações e pode ser um sinal precoce de dificuldades no mercado de trabalho.
Índice ISM e a Reação do Mercado
O dado que mais preocupou o mercado foi o Índice ISM (Institute for Supply Management), particularmente o componente de emprego, que caiu para 43,4, bem abaixo da previsão de 49,2. Essa foi a pior leitura desde junho de 2020 e, fora do contexto da Covid-19, a pior desde 2009. Outros componentes do ISM, como manufatura e novos pedidos, também vieram abaixo das expectativas, aumentando a percepção de fraqueza na economia.
Análise do PIB Usando o Índice ISM
Utilizando uma regressão simples com um composto do ISM para modelar o PIB, mostrou que o índice ISM tem consistentemente vindo abaixo do PIB realizado. Apesar de não indicar uma recessão iminente, esses dados servem como um sinal de alerta para o mercado.
Impactos no Mercado Financeiro
A reação do mercado foi imediata: o dólar se fortaleceu, enquanto os títulos do Tesouro (treasuries) e as bolsas de valores despencaram. Esse aumento no sentimento de aversão ao risco também pressionou os mercados emergentes, incluindo o Brasil.
Impactos no Brasil
No Brasil, além da reação ao cenário internacional, a percepção de que o Comitê de Política Monetária (Copom) adotou uma comunicação mais dovish, ou seja, mais inclinada a políticas monetárias acomodatícias, pressionou ainda mais a moeda brasileira. O dólar alcançou seu maior patamar desde dezembro de 2021, ultrapassando R$ 5,75. Os contratos de DI (Depósitos Interfinanceiros) mostraram um aumento na inclinação da curva, com o trecho curto e do miolo caindo e o longo subindo. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também sofreu com a aversão ao risco em Nova Iorque, com o índice VIX, conhecido como o índice do medo, atingindo o maior nível desde abril.
Principais Quedas no Mercado Brasileiro
No mercado brasileiro, as ações da Vale e da Petrobras registraram as principais quedas devido ao recuo nas commodities. O risco de recessão e a queda na demanda no exterior, além da crescente tensão no Oriente Médio, contribuíram para esse movimento.
Decisões de Política Monetária no Reino Unido
Além dos dados americanos, outro evento significativo foi a decisão de política monetária no Reino Unido. A inflação dos serviços, ainda elevada em 5,7% em junho, gerou um debate sobre a possibilidade de um corte na taxa de juros. Em uma votação apertada, o Banco da Inglaterra decidiu, por 5 votos a 4, cortar a taxa de juros para 5%, o primeiro corte desde o início de 2020. No entanto, a mensagem passada pelo banco foi de cautela, indicando que a política monetária precisa permanecer restritiva até que os riscos de inflação sejam reduzidos.
Aumento de Impostos no Brasil
No Brasil, uma medida importante anunciada foi o aumento do imposto sobre o cigarro. O preço mínimo do maço de cigarros vai subir de R$ 5,00 para R$ 6,50 a partir de setembro, enquanto o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) do maço aumentará de R$ 1,50 para R$ 2,00 a partir de novembro. Essa medida visa aumentar a arrecadação, com uma expectativa de gerar entre 2 e 3 bilhões de reais nos últimos quatro meses do ano. No entanto, esse aumento também terá um impacto sobre o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), elevando-o em cerca de 10 pontos base.
Expectativas para o Relatório de Emprego nos EUA
O grande destaque do dia foi o relatório de emprego de julho nos Estados Unidos. A expectativa era de que o payroll desacelerasse para cerca de 175 mil, com manutenção nos ganhos médios por hora e na taxa de desemprego, em 0,3% e 4,1%, respectivamente. Esses números, embora ainda consistentes, poderiam trazer mais clareza sobre o rumo da economia americana, especialmente em um cenário de hard landing, onde a desaceleração econômica é mais abrupta.
Dados de Atividade no Brasil
No Brasil, após a divulgação dos dados de desemprego da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) continuou a divulgação dos dados de atividade de junho. Espera-se um avanço de 2,9% na indústria em relação a maio, ajustados sazonalmente. Esse bom resultado deve ser impulsionado pela recuperação da indústria de transformação, ou seja, se recuperar das tragédias causadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, além dos recentes bons números de importações de bens de capital e duráveis.
Considerações
Em resumo, a semana foi marcada por dados econômicos mistos nos Estados Unidos, com indicadores de emprego e manufatura abaixo do esperado, gerando preocupação sobre uma possível desaceleração econômica mais forte. A reação do mercado foi de aumento na aversão ao risco, afetando tanto os mercados desenvolvidos quanto os emergentes. No Brasil, além da influência externa, a política monetária e a tributação foram fatores importantes que moldaram o cenário econômico. Além disso, a decisão de política monetária no Reino Unido também foi um evento significativo, destacando a cautela necessária em um ambiente de inflação persistente. Os próximos dados econômicos serão cruciais para determinar os rumos das políticas econômicas e as reações dos mercados financeiros.
Encerramos o Mercados em Foco edição 02/08/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.