No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Na primeira semana de julho, o cenário econômico global foi marcado por sinais de enfraquecimento da atividade nos Estados Unidos, influenciando mercados ao redor do mundo e refletindo-se em diversos indicadores. Vamos explorar em detalhes os acontecimentos dessa semana e seus impactos. Mercados em Foco edição 08/07/2024.
Desempenho Econômico nos Estados Unidos
O relatório de emprego (payroll) de junho apresentou evidências de que o mercado de trabalho norte-americano está esfriando mais rapidamente do que o esperado no segundo trimestre. Houve uma desaceleração nos salários e um aumento na taxa de desemprego. Além disso, o setor de serviços contraiu no ritmo mais rápido dos últimos quatro anos. Esses fatores contribuíram para o aumento das expectativas de um possível corte de juros em setembro, resultando em uma queda generalizada nos rendimentos dos títulos do Tesouro (treasuries).
O enfraquecimento do dólar americano foi outra consequência desse cenário. Com isso, bolsas de valores e commodities se valorizaram. A expectativa de corte nos juros foi bem recebida pelos mercados, que se ajustaram rapidamente às novas perspectivas econômicas.
Repercussões no Brasil
No Brasil, além da influência positiva do cenário externo, houve também fatores locais que contribuíram para um alívio nos mercados. Após o real flertar com a cotação de R$ 5,70 frente ao dólar, o governo brasileiro tomou medidas para dissipar a percepção de risco fiscal. O presidente Lula reafirmou seu compromisso com a responsabilidade fiscal, anunciando um corte de quase R$ 26 bilhões no orçamento de 2025.
Embora ainda existam desafios a serem superados, essas ações ajudaram a estabilizar o mercado. A moeda brasileira encerrou a semana cotada a R$ 5,46, um sinal de que as medidas adotadas trouxeram algum alívio.
Adicionalmente, de acordo com o jornalista Lauro Jardim, Gabriel Galípolo deve ser anunciado como presidente do Banco Central em agosto, sugestão que teria vindo do próprio Campos Neto, visando uma transição suave que terá início no próximo ano.
Cenário Econômico na Europa
Na zona do euro, a inflação continuou sua trajetória de queda, situando-se em 2,5%. No entanto, a inflação subjacente (core) surpreendeu ao ficar acima do esperado, impulsionada pela dinâmica dos serviços, que atingiram o nível mais alto em mais de um ano. Embora essa surpresa não deva alterar significativamente as perspectivas de juros futuros, o foco na região se voltou para as eleições.
No Reino Unido, o Partido Trabalhista venceu os conservadores, retornando ao poder após 14 anos. Já na França, a vitória da esquerda no segundo turno afastou a extrema-direita do governo, mas trouxe incertezas. Sem uma maioria clara, o parlamento francês enfrenta um período de suspensão e necessidade de formação de alianças para governar.
Expectativas para a Semana Seguinte
Para a semana seguinte, o destaque é a divulgação dos dados inflacionários de junho. Nos Estados Unidos, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) deve subir 0,1%, com a inflação de serviços e os núcleos projetados para aumentar 0,2%. A inflação dos serviços, em particular, continua sendo uma preocupação, especialmente devido ao aumento persistente dos salários e dos preços do seguro de veículos.
Outro ponto de atenção será a participação de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, no Congresso. Na última reunião de junho, Powell afirmou que, para considerar um corte de taxa, o comitê precisa estar confiante de que a inflação está se movendo em direção à meta de 2% ou ver um enfraquecimento significativo no mercado de trabalho.
No Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve avançar 0,32% em junho. Diferente dos Estados Unidos, espera-se uma moderação inflacionária no Brasil, impulsionada pela queda nos preços administrados, como energia elétrica, medicamentos, gasolina e planos de saúde. Esperamos os últimos dados de atividade econômica de maio, que devem refletir o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul, com queda no comércio e nos serviços.
Agenda Política
No cenário político brasileiro, o destaque será o início da votação da regulamentação da reforma tributária, prevista para ocorrer na quarta-feira. Esta reforma é crucial para o equilíbrio fiscal e a simplificação do sistema tributário, sendo acompanhada de perto por investidores e analistas.
Considerações
Em resumo, a primeira semana de julho trouxe uma série de eventos econômicos e políticos significativos, com impactos diversos nos mercados globais. Nos Estados Unidos, sinais de enfraquecimento econômico aumentaram as expectativas de cortes de juros, enquanto no Brasil, ações governamentais ajudaram a estabilizar a moeda e os mercados. Além disso, na Europa, a dinâmica eleitoral e a inflação continuam a ser pontos de atenção. À medida que avançamos na semana, os dados inflacionários e as discussões políticas prometem manter os mercados atentos e voláteis.
Encerramos o Mercados em Foco edição 08/07/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.