Mercados em Foco edição 20/06/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Quem olha o dólar de fechamento de ontem pode achar que nada aconteceu, já que a moeda americana permaneceu nos mesmos R$5,43 de terça-feira. No entanto, a realidade foi marcada por tensões pré-Copom que chegaram a elevar o dólar para R$5,48 no meio da tarde de quarta-feira. Este post analisa a dinâmica por trás dessa estabilidade aparente e as implicações das decisões recentes do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil. Mercados em Foco edição 20/06/2024.

O Contexto da Decisão do Copom

O consenso quase unânime de que o Copom interromperia os cortes de juros foi posto em dúvida por uma sequência de notícias e pressões. A melhora nos ativos só ocorreu após a jornalista Ana Flor, da Globo News, afirmar que o Palácio do Planalto já esperava uma decisão unânime de parar a Selic. Essa informação foi interpretada pelo mercado como um sinal de que, caso houvesse alguma interferência, ela permitiria um voto consensual.

A Decisão do Copom

Coincidência ou não, o Copom votou por interromper os cortes de Selic de forma unânime, demonstrando um comitê pragmático que entregou o consenso correto do ponto de vista técnico. Além disso, deixou uma brecha para possíveis aumentos futuros, indicando que eventuais ajustes serão ditados pelo compromisso firme de convergência da inflação média. Isso foi um sinal importante, dado o aumento das expectativas de inflação, sugerindo que o Banco Central pode considerar subir os juros.

O comitê também foi cauteloso nos comentários sobre a política fiscal, evitando adicionar tensão ao ambiente econômico. Essa postura ajudou a estabilizar o câmbio no final do dia, refletindo uma leitura mais positiva do mercado.

Projeções de Inflação

Apesar da postura pragmática, as projeções de inflação do Copom parecem otimistas. No cenário em que a Selic permanece em 10,5% até o final de 2024, o IPCA projetado para 2025 é de 3,1%, um valor que parece subestimado. Suspeita-se que o IPCA de 2026 esteja abaixo de 3% com a Selic atual, algo a ser esclarecido no próximo RTI.

Impacto no Mercado de Juros

A visão menos preocupada do Banco Central sobre o cenário econômico, comparada ao mercado, sugere uma curva de juros mais baixa no curto prazo. Contudo, a curva deve ganhar inclinação com juros mais longos mais altos, refletindo a discrepância entre a visão otimista do comitê e a cautela dos analistas.

Cenário Futuro da Selic

Minha convicção sobre o caminho da Selic a partir de 2025 está mais baixa. Embora as estimativas otimistas de IPCA do BC se alinhem com um cenário de Selic caindo para 9,75%, a piora cambial recente foi mais intensa e antecipada do que o esperado. Assim, é provável que a Selic permaneça em 10,5% por um período prolongado, a menos que novas evidências justifiquem mudanças.

Desafios Fiscais

Além da política monetária, o maior desafio está no âmbito fiscal. A questão da compensação pela desoneração da folha de pagamento ainda parece distante de uma resolução. A reunião entre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, indicou que as propostas do Congresso são insuficientes, enquanto o governo busca medidas de receita excessivas e permanentes. A situação permanece indefinida, ou seja, com possibilidade de intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF).

Cenário Internacional

No cenário internacional, o Banco Central da Inglaterra também pode influenciar o mercado. Embora não se espere um corte de juros imediato, os sinais sobre futuras decisões são aguardados com interesse. A recente divulgação dos dados de inflação no Reino Unido, que voltou à meta de 2%, deixou o mercado especulando sobre um possível corte de juros em agosto, embora a inflação nos preços de serviços continue alta, semelhante ao cenário brasileiro.

Conclusão

A decisão do Copom de interromper os cortes de juros foi um movimento pragmático, que estabilizou temporariamente o mercado e mostrou um compromisso com a convergência da inflação. No entanto, as projeções otimistas de inflação e a complexidade do cenário fiscal indicam desafios contínuos. Desse modo, a política monetária brasileira permanecerá sob escrutínio, especialmente com a evolução do cenário fiscal e os impactos das decisões internacionais. No curto prazo, a estabilidade da Selic em 10,5% parece provável, mas o mercado continuará atento às sinalizações do Banco Central e às dinâmicas econômicas internas e externas.

Encerramos o Mercados em Foco edição 20/06/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima