Mercados em Foco edição 19/06/2024

No “Mercados em Foco” de hoje, trazemos um resumo das últimas notícias e insights que impactaram os mercados globais e brasileiro. Nesta semana, observamos uma divisão interessante entre os ativos locais e internacionais. Enquanto os mercados internacionais registraram movimentos positivos, impulsionados por dados econômicos mistos dos Estados Unidos e pelo desempenho extraordinário da NVIDIA, os mercados brasileiros ficaram aquém dessas movimentações. Mercados em Foco edição 19/06/2024.

Economia Americana e NVIDIA: Fatores Impulsionadores

Nos Estados Unidos, as vendas no varejo permaneceram estáveis em maio, com revisões para baixo nos meses anteriores. Este dado, junto a outros indicadores, sinaliza uma desaceleração na economia americana, o que pode ser visto como benéfico para os mercados globais. A desaceleração reduz a pressão sobre os juros, permitindo um ambiente mais favorável para a valorização de outros ativos.

O S&P 500, por exemplo, voltou a se aproximar dos 5.500 pontos, e os juros dos Treasuries de 10 anos caíram para perto de 4,20%, indicando uma melhora nas condições de mercado. Um destaque particular foi a NVIDIA, que ultrapassou a Microsoft em valor de mercado, tornando-se a empresa mais valiosa do mundo, com ações avaliadas em 3,3 trilhões de dólares. A inteligência artificial continua a ser o centro das atenções dos investidores, refletindo a confiança no futuro dessa tecnologia.

Tensão Pré-Copom e Críticas ao Banco Central

No Brasil, a tensão antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi intensificada pelas críticas ao Banco Central e sua política de juros. Em uma entrevista à rádio CBN, o presidente Lula comentou que o presidente do Banco Central deve ser imune ao mercado, controlar o nervosismo e ajudar no crescimento do país. As críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos, se acentuaram não apenas pela expectativa de pausa nos cortes da Selic, mas também por sua participação em um evento com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Essa pressão tem reflexos diretos nos demais diretores do Copom, especialmente aqueles cotados para substituir Campos no final do ano. Para o mercado, a principal dúvida é sobre a decisão de juros de um diretor que, por um lado, tem a ambição de assumir a presidência do Banco Central, mas por outro, enfrenta um cenário de piora nas expectativas de inflação e riscos econômicos.

Movimentações do Mercado em Resposta às Incertezas

Diante dessas incertezas, o mercado optou por comprar mais dólares como forma de proteção. Ao mesmo tempo em que apostou em uma curva de juros mais baixa no curto prazo, mas mais pressionada no longo prazo. A preocupação é que, caso ocorram votos dissidentes no Copom favoráveis a cortes de juros, isso poderia reacender o risco de cortes prematuros no futuro próximo, especialmente após a saída de Campos. Essa possibilidade poderia levar a um aumento ainda maior do dólar.

Declarações Polêmicas e Expectativas do Mercado

A declaração do presidente Lula, sugerindo que o comportamento dos membros do Banco Central é o único problema desajustado no país, gerou discussões. A ausência de menções às contas públicas no discurso do presidente foi notada pelo mercado, que esperava um posicionamento mais claro sobre os debates econômicos em curso.

Historicamente, os ajustes nas contas públicas no Brasil só ocorreram quando não havia mais alternativas viáveis ou quando os preços financeiros pressionaram significativamente. Embora o câmbio atual em 5,40 reais por dólar pareça alto, ele ainda não causou alarme suficiente para exigir uma resposta imediata de Brasília.

Expectativas para a Reunião do Copom

A reunião do Copom é aguardada com expectativa, não apenas pelos votos, mas pelos detalhes na comunicação oficial que podem indicar a continuidade ou não dos cortes na Selic. A decisão de manter os juros em 10,50% deve considerar tanto aspectos técnicos quanto políticos. O tom do comunicado será crucial, especialmente em um momento em que os mercados estão sensíveis ao tema. O ideal seria um discurso equilibrado que evitasse especulações sobre relaxamento monetário. Também deve evitar aumentar as chances de altas de juros em 2025.

Considerações

A semana mostrou uma clara divisão entre os mercados locais e internacionais. Enquanto o cenário global se beneficia de uma desaceleração controlada na economia americana e da ascensão de gigantes tecnológicos como a NVIDIA, o Brasil enfrenta desafios internos significativos, especialmente na área de política monetária. As críticas ao Banco Central e a incerteza sobre as decisões futuras do Copom aumentam a volatilidade do mercado. A exigência de um posicionamento claro e equilibrado das autoridades econômicas para garantir a estabilidade financeira e promover o crescimento econômico sustentável.

Encerramos o Mercados em Foco edição 19/06/2024. Desejando a todos um bom dia e bons negócios.

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